Produtores de trigo da Índia em maus lençóis

A Índia chocou o mundo ao proibir as exportações de trigo, numa altura em que o mercado está a ser condicionado pela falta da produção ucraniana e russa e deixou os seus produtores em maus lençóis.
Enquanto por todo o mundo os preços sobem, a política interna indiana faz com que eles desçam no país.
O comerciante de trigo, Raj Sood diz: "O governo acreditou que com a produção total, o trigo poderia ser exportado, mas houve uma quebra de 20% na produção devido à vaga de calor e quando o governo se apercebeu disso decretou a proibição das exportações".
O objetivo de Nova Deli é garantir a segurança alimentar de 1,4 mil milhões de indianos, mas as consequências estão a ser pesadas para os produtores.
O agricultor, Rajwant Singh, queixa-se: "Este ano tivemos metade do rendimento devido à onda de calor, pois a parte superior das espigas de trigo secou e os grãos caíram".
A proibição das exportações, a diminuição da produção e a baixa dos preços, com o governo a estabelecer um preço mínimo abaixo do mercado para a compra do trigo para o vasto sistema de distribuição pública, estão a deixar os produtores desesperados.
O agricultor Navtej Singh poupou metade da sua colheita de trigo de 60 toneladas para vender durante a época de escassez, quando os preços normalmente sobem, e está horrorizado com a decisão do governo. Agora luta para tentar vender a sua produção e acusa o governo de ter agido "egoisticamente".
A Índia é o segundo maior produtor mundial de trigo, e o governo é o maior comprador o cereal.
Antes da guerra na Ucrânia e da vaga de calor, estava prevista para este ano uma produção de trigo na Índia semelhante à de 2021 - 109 milhões de toneladas e sete milhões de toneladas de exportações -.
O Primeiro-Ministro, Narendra Modi, tinha-se mesmo oferecido para ajudar a colmatar o défice global de trigo e "alimentar o mundo". Mas isso foi até se perceber que, por casa do calor, cerca de 20% da produção nacional estava perdida.