Ana Moura ao vivo em Lyon, França, esta terça-feira, 14 de junho
Ana Moura ao vivo em Lyon, França, esta terça-feira, 14 de junho Direitos de autor Paul Bourdrel/Nuits de Fourvière
Direitos de autor Paul Bourdrel/Nuits de Fourvière

Ana Moura de volta aos palcos internacionais com uma nova batida a aquecer o Fado

De  Francisco Marques
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A fadista lança em breve um novo álbum e esta semana deu o primeiro concerto fora de Portugal após ser mãe. Falámos com Ana Moura em exclusivo e Angola foi tema recorrente

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Ana Moura está de regresso aos palcos internacionais e com um trabalho inovador no universo do Fado, inspirado num conselho do amigo Prince. A artista portuguesa lança em setembro um novo álbum, onde a tradição fadista lisboeta se funde a ritmos de outras latitudes, nomeadamente de Angola.

Encontrámos Ana Moura, em Lyon, França, poucas horas antes de a fadista se apresentar ao vivo, no Festival Nuits de Fourvière, o primeiro concerto fora de Portugal desde que foi mãe da agora inseparável Emília.

À Euronews, a fadista falou de "um disco especial" e que por isso "está também a custar muito a sair". Esteve anunciado para outubro passado, mas teve de ser adiado. Com justa causa.

"Entretanto fiquei grávida e queria esperar para ter mais disponibilidade quando disco saísse", explicou-nos Ana Moura, sem querer avançar para já o nome do disco, que numa reportagem da RTP, em casa da fadista, chegou a ser referido como "Andorinhas".

Ora, "Andorinhas" é exatamente o nome do primeiro tema avançado por Ana Moura deste novo trabalho. Foi revelado em abril do ano passado e assenta numa letra já a dar mostras da evolução que estava a ser preparada na obra da artista: o recurso à eletrónica e a influências pouco habituais no contexto do Fado.

“O tema ‘Andorinhas’ tem sabores tanto de fadistas como minhotos, porque eu também tenho raízes ali, o meu pai é do norte. Mas depois há o ‘Jacarandá’ e o ‘Agarra em mim’, que têm a cadência da sensualidade da Kizomba", referiu Ana Moura, filha de pai português e mãe angolana.

A fadista cresceu sob forte influência da cultura angolana. O pai foi viver para aquela antiga colónia portuguesa com 11 anos e ali se casou. Ainda antes de a fadista nascer em Santarém, o casal mudou-se para Portugal após a Revolução de Abril. Saíram de Angola, mas Angola nunca deixou a família.

"Era o meu grande sonho, conhecer Angola. Já o realizei. Eu cresci rodeada de música angolana, os meus pais sempre ouviram muita música em casa, também tocavam e cantavam. E eu cresci neste ambiente muito musical, onde vários géneros eram ouvidos e sentidos", recordou a fadista, explicando a urgência que sentiu em trazer essas influências para a sua música, que terá sempre, assegura, um tom fadista.

Paul Bourdrel/Nuits de Fourvière
A alegria de ana Moura durante o concerto em LyonPaul Bourdrel/Nuits de Fourvière

Ainda assim, esta evolução teve outro impulso: Prince. Ana Moura tem desenvolvido algumas amizades no mundo da música Pop Rock.Ainda há poucos dias foi anfitriã informal de Dua Lipa em Lisboa.

Já atuou com os Rolling Stones e Mick Jagger é um confesso admirador do talento da portuguesa, mas o príncipe de Minneapolis, que morreu em 2016, foi talvez a referência mais importante. Os dois chegaram a partilhar o palco, por exemplo, no Festival Super Rock, em Sesimbra, no ano de 2010.

Eram visita de casa um do outro e Prince terá passado muita da sua experiência musical a Ana Moura. Um dos conselhos que o norte-americano deu à portuguesa está agora a fazer-se ouvir.

"Escrevi a ‘Jacarandá’ para o Prince. É uma homenagem ao Prince. O Prince adorava a minha música, mas dizia ‘a tua música só precisa de um ‘beat’'. E foi assim na verdade que entrou o ‘beat’ nesta história, com o ‘Jacarandá’, e acho que ele [Prince] iria ficar muito contente", disse-nos Ana Moura, revelando assim como o Fado, o seu fado, ganhou agora uma nova batida.

O tema, o segundo do novo álbum, revelado em julho do ano passado, conta com um 'riff' de guitarra cedido a Ana Moura por Mike Scott, guitarrista que acompanhou Prince ao longo de vários anos e que ofereceu um pouco do espírito do autor de "Purple Rain" ao novo disco da fadista portuguesa.

Outro tema do novo disco já conhecido é "Agarra em Mim", que mereceu um videoclipe gravado com Ana Moura grávida e que termina com as primeiras imagens públicas de Emília, a filha bebé da fadista com Pedro Mafama, o marido e produtor do novo disco, que também canta neste tema.

"Jacarandá" e "Agarra em Mim" são dois dos novos temas onde mais se sente a cadência angolana, já ensaiada também em "2020", um dueto com Conan e Osíris, produzido por Branko, que fez parte dos Buraka Som Sistema, e Conan Osíris.

A música foi revelada no início de 2020 e ganhou um videoclipe de tom fúnebre em março de 2021, expressando "uma homenagem a todas as pessoas que viveram a escuridão que 2020 trouxe", numa referência aos confinamentos impostos pela pandemia de Covid-19.

"Na esperança de dias melhores, pedimos aos céus que nos devolvam a luz, o ar e o amor que o passado ano nos tirou. Enterremos o que passou, para ver nascer o que virá", expressaram os músicos no videoclipe.

"2020", Ana Moura, Branko e Conan Osíris

Ainda sem as datas devidamente anunciadas, Ana Moura vai andar na estrada nos próximos meses.

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Além de Portugal, a fadista tem já atuações previstas este verão em Espanha, de novo em França e ainda na Hungria.

Em setembro chega o novo álbum, o primeiro de "batida fado" da autoria de Ana Moura. A ver se pega o nome  deste novo estilo "mulato" de se fazer ouvir a tradição musical de Lisboa.

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