ONU alerta para "aniquilação nuclear" a "apenas um erro de cálculo"

O mundo está a apenas "um erro de cálculo da aniquilação nuclear". O alerta dramático foi dado, esta segunda-feira, pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, na abertura da conferência para a revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNPN).
Para Guterres, é urgente uma atualização deste acordo que pretende controlar o armamento nuclear em todo o mundo e foi assinado durante a Guerra Fria, há mais de cinquenta anos.
"Precisamos de um Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares mais do que nunca. É por isso que esta conferência de revisão é tão importante. É uma oportunidade para limar as medidas que vão ajudar a evitar certas catástrofes e a colocar a humanidade num novo caminho em direção a um mundo livre de armas nucleares. É também uma oportunidade para reforçar este tratado e torná-lo adequado ao mundo preocupante que nos rodeia", afirmou o secretário-geral da ONU.
No mundo que nos rodeia, os receios de um ataque nuclear por parte da Rússia estão a agitar o Ocidente. Mas Putin decidiu colocar água na fervura e enviar para os 191 signatários do TNPN uma mensagem apaziguadora onde disse:
EUA acusam Rússia de usar central nuclear ucraniana como base militar
As palavras de Putin não conseguiram contudo convencer o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, para quem a invasão russa da Ucrânia é um ataque direto ao Tratado.
“A Rússia está a usar a central [de Zaporíjia] como base militar para disparar sobre os ucranianos, sabendo que [os ucranianos] não podem e não vão responder porque poderiam atingir um reator nuclear e resíduos altamente radioativos armazenados. Isto eleva o conceito de usar um escudo humano a um nível totalmente distinto e horrendo”, disse Blinken num discurso na sede das Nações Unidas.
O representante norte-americano apresentou ainda o que considera ser o contributo nacional para a manutenção da paz na atualidade.
"Optamos por agir com moderação e evitar ações que possam involuntariamente aumentar as tensões nucleares, renunciando, por exemplo, aos testes de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) previamente programados e não elevando o estado de alerta das nossas forças nucleares em resposta à ameaça militar russa".
Mas as ameaças não vêm apenas da Rússia, com a Coreia do Norte, a preparar-se para voltar aos ensaios nucleares e o Irão, ainda esta segunda-feira, a afirmar ter capacidade técnica para criar uma bomba nuclear, apesar de alegadamente não o intencionar fazer.
As conversações nas Nações Unidas vão continuar ao longo das próximas semanas. Mas as expectativas para um consenso significativo sobre os próximos passos são baixas