Presidente da Rússia admitiu ainda que o conflito vai ser "demorado", ao contrário do que afirmou nos primeiros dias da guerra na Ucrânia.
O Presidente Vladimir Putin admitiu, esta quarta-feira, o recurso a armas nucleares, mas apenas "em resposta" a um eventual ataque. O chefe de Estado russo alava numa reunião do Conselho para a Sociedade Civil e Direitos Humanos, transmitida em direto na televisão, quando afirmou que "a ameaça está a aumentar".
"Consideramos usar as armas de destruição massiva num "ataque de retaliação". Quando somos atingidos, contra-atacamos", disse o presidente russo.
Putin reconheceu ainda que o conflito vai ser "demorado" e diz que, dos 300 mil reservistas recrutados em setembro por Moscovo, 150 mil homens foram já destacados para operações militares, dos quais 77 mil vão para a frente de batalha.
A NATO e os Estados Unidos da América já desvalorizaram as declarações.Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, considerou as afirmações de Putin "conversa fiada" para as tropas russas ganharem tempo no terreno durante o inverno.
"Qualquer conversa fiada sobre armas nucleares é absolutamente irresponsável. Vai contra a própria declaração que a Rússia assinou formalmente em janeiro deste ano, no contexto do Conselho de Segurança da ONU. Vai mesmo contra a declaração que ouvimos, nas últimas semanas, por parte de funcionários russos que reafirmaram esse princípio muito simples sobre uma guerra nuclear", afirmou Price.
“Inverno longo e sombrio” para direitos humanos na Ucrânia
A guerra no terreno, que se arrasta desde 24 de fevereiro, está a ter ainda assim um impacto arrasador.
Volker Turk, chefe dos direitos humanos da ONU, que esta quarta-feira concluiu uma visita de quatro dias à Ucrânia, mostrou-se preocupado com a chegada de um “inverno longo e sombrio” ao país, onde alega haver evidências de crimes de guerra e uma situação dramática entre os sobreviventes.
De acordo com o responsável das Nações Unidas, 17,7 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária e 9,3 milhões de assistência alimentar e subsistência.
Um terço da população foi forçado a fugir de suas casas. Cerca de 7,89 milhões deixaram a Ucrânia, a maioria mulheres e crianças, e 6,5 milhões de pessoas estão deslocadas internamente.