Conselho de Segurança aprovou texto revisto, com abstenções dos Estados Unidos da América e da Rússia.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou esta sexta-feira uma resolução para aumentar a ajuda humanitária na Faixa de Gaza, depois de vários adiamentos.
A resolução recebeu 13 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções: da Rússia e dos Estados Unidos da América.
A resolução não inclui, porém, o apelo a uma "suspensão urgente das hostilidades" entre Israel e o Hamas.
O texto agora aprovado foi revisto e negociado durante uma semana e meia ao mais alto nível pela diplomacia norte-americana e dos Emirados Árabes Unidos, em nome das nações árabes.
A embaixadora dos Estados Unidos, Linda Thomas-Geenfield, admitiu que Washington não tem problemas com este texto, mas outros países, como a Rússia, pediam linguagem mais forte que incluísse o mencionado apelo à suspensão urgente das hostilidades.
Os membros do Conselho de Segurança da ONU reuniram-se à porta fechada na quinta-feira para discutir um novo projeto de resolução e atrasaram a votação para consultarem os seus governos sobre as mudanças, que tinham como objetivo evitar um veto dos Estados Unidos.
Guterres diz que problema é forma como Israel conduz ofensiva
Falando após a votação no Conselho de Segurança, a embaixadora dos Estados Unidos referiu que a resolução agora aprovada não ignora a "gravidade desta crise" e pede às nações que façam mais.
"Esta resolução coloca o peso do Conselho de Segurança por trás dos esforços e reforça-os ao pedir a nomeação de um alto responsável da ONU que irá trabalhar para agilizar a entrega de ajuda humanitária conforme necessária e de forma sustentável", defendeu Linda Thomas-Greenfield.
A embaixadora dos EUA acrescentou ainda que ficou "profundamente desapontada" porque o Conselho "não conseguiu condenar o terrível ataque terrorista do Hamas".
"Não consigo compreender porque alguns membros do Conselho estão a opor-se e recusam condenar estas maldades de forma inequívoca. Nunca conseguirei compreender porque alguns membros do Conselho permaneceram em silêncio perante tais maldades", disse ainda.
Falando após o voto do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu que o verdadeiro problema com a ajuda humanitária a Gaza é "a forma como Israel conduz a sua ofensiva".
"O verdadeiro problema é a forma como Israel conduz a sua ofensiva, que cria enormes obstáculos à distribuição de ajuda humanitária a Gaza", disse Guterres aos jornalistas, insistindo que um cessar-fogo humanitário é o único modo de começar a responder "às necessidades desesperadas da população de Gaza e pôr um fim ao pesadelo que ela vive".