"A comemoração deste ano é talvez mais urgente do que em qualquer ano anterior e, se não estivermos vigilantes, as sociedades podem tornar-se não escudos contra o ódio, mas sim os seus propagadores", afirmou Andor Grósz, presidente da Federação das Comunidades Judaicas da Hungria.
A 21.ª edição da Marcha pela Vida realizou-se em Budapeste para prestar homenagem às vítimas do Holocausto e exprimir um compromisso com a dignidade humana e os valores da coexistência.
A marcha deste ano teve início no monumento aos Sapatos do Danúbio, onde Michel Gourary, presidente da Marcha Europeia pela Vida, proferiu o discurso de abertura.
"Hoje estamos reunidos para recordar o fim da Segunda Guerra Mundial, uma guerra que trouxe destruição para todos. E para recordar o 81.º aniversário da deportação dos judeus húngaros para Auschwitz. Atualmente, na Hungria, uma comunidade judaica vibrante vive uma vida segura", afirmou.
De seguida, Tamás Verő, rabino da sinagoga da rua Frankel Leó, tocou a antiga trompa judaica, o shofar, e deu-se início à procissão, através do Lánchíd até ao Bazar Várkert. À cabeça, como todos os anos, estavam os sobreviventes do Holocausto.
No Parque Jerusalém, foi colocada uma pedra em memória das vítimas do atentado terrorista de 7 de outubro de 2023, em solidariedade com as vítimas e as suas famílias.
"A Marcha pela Vida é talvez mais urgente este ano do que em qualquer ano anterior. Em 2025, marcham não só pelas vítimas do passado, mas também por aqueles que ainda hoje estão em risco, que ainda são reféns, que ainda são alvo de ódio. E também por aqueles que vivem num lugar onde têm o direito de ter medo de dizer que são judeus", disse Andor Grósz, presidente da Federação das Comunidades Judaicas da Hungria (Mazsihisz).
Durante muito tempo, Grósz acreditou, durante muito tempo quis acreditar, que o que aconteceu aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial foi um horror único e irrepetível, porque a natureza humana pode aprender e as ideias obscuras desaparecem quando as rejeitamos em conjunto.
"O 7 de outubro de 2023 abalou esta crença: a natureza humana não muda por si só se não estivermos vigilantes, as sociedades não podem ser escudos contra o ódio, mas podem tornar-se os seus propagadores", acrescentou.
A Marcha Internacional pela Vida teve lugar na Polónia, a 24 de abril. Cerca de 12 mil pessoas, lideradas por sobreviventes do Holocausto, reféns libertados e pelas suas famílias, marcharam até ao antigo campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. A delegação das vítimas do atentado terrorista de 7 de outubro foi representada pelo refém libertado Eli Sharabi.
A marcha foi aberta pelo presidente israelita Isaac Herzog e pelo presidente polaco Andrzej Duda. "Ambos manifestámos a nossa esperança de que a guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque terrorista do Hamas a Israel, possa terminar. Esperamos que os reféns que ainda se encontram nas mãos do Hamas possam regressar a casa", afirmou Andrzej Duda.