Antes disso, o Kremlin afirmou que tinha chamado Zelensky a Moscovo "para falar, não para capitular".
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy rejeitou mais uma vez a proposta de Vladimir Putin para se deslocar a Moscovo, considerando a escolha de um local de encontro tão irrealista um sinal de que a Rússia não está verdadeiramente interessada em negociações.
"Não posso ir à capital deste Estado terrorista", afirmou o líder ucraniano numa entrevista ao canal de televisão norte-americano ABC News, porque a Ucrânia está "sob ataques de mísseis, sob fogo todos os dias". "Ele [Putin] pode vir a Kiev", disse Zelenskyy na mesma altura, o que constituiu o primeiro convite deste género.
As conversações diretas entre os presidentes russo e ucraniano foram, até há pouco tempo, um ponto em que o presidente norte-americano Donald Trump insistiu. A organização de uma reunião bilateral ou trilateral (com a sua participação) foi um dos principais objectivos da cimeira com Putin no Alasca, no mês passado. O chefe da Casa Branca disse mais tarde que Putin e Zelenskyy se reuniriam depois da visita do presidente ucraniano a Washington e das conversações com os líderes europeus, mas Moscovo tem colocado condições adicionais em cima da mesa, adiando uma decisão e intensificando o bombardeamento das cidades ucranianas.
Putin diz que está "pronto" para se encontrar com Zelenskyy, mas em Moscovo. Na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, explicou que Zelenskyy tinha sido convidado para a capital russa "para falar, não para capitular".
No dia anterior, em Paris, após a cimeira da "Coligação da Boa Vontade", o presidente ucraniano comentou o convite de Putin da seguinte forma:"Penso que se querem que o encontro não se realize, devem convidar-me para ir a Moscovo", acrescentando que o facto de os dirigentes russos terem manifestado interesse por um encontro pessoal" já não é mau".
"Alguma coisa vai acontecer, mas eles ainda não estão preparados. [...] Vamos conseguir", disse Trump à CBS News no mesmo dia, sem especificar qualquer calendário para as conversações que Washington considerasse aceitável.
"Rússia tenta transformar diplomacia numa verdadeira farsa"
No sábado, Volodymyr Zelenskyy escreveu nas redes sociais que a Rússia lançou mais de 1.300 drones, cerca de 900 bombas guiadas e até 50 mísseis de vários tipos contra a Ucrânia durante os primeiros cinco dias de setembro.
Segundo ele, os ataques atingiram 14 regiões do país.
"A Rússia está a tentar prolongar a guerra, tentando transformar a diplomacia numa farsa flagrante. E deve haver uma resposta comum a esta situação: aos bombardeamentos e à destruição, a ignorar os esforços diplomáticos e o diálogo civilizado", afirmou o líder ucraniano, apelando aos parceiros para que reforcem as sanções contra Moscovo, aumentem o fornecimento de armas à Ucrânia e imponham "restrições efetivas ao comércio de petróleo e gás russo", acrescentou Zelenskyy.