Sete gregos estavam a bordo do barco. As forças israelitas intercetaram-no com armas apontadas aos ativistas.
Na madrugada de quinta-feira, o navio "Oxygono", que integrava a flotilha que navegava em direção a Gaza, foi intercetado pelas forças israelitas.
Soldados israelitas realizaram um assalto ao navio com armas em punho e prenderam os sete gregos que estavam a bordo.
As forças israelitas aproximaram-se do "Oxygono" com recurso a um barco insuflável e abordaram-no, tendo gritado aos gregos para que não se mexessem.
A operação foi concluída em poucos minutos pelos israelitas, que tomaram depois o controlo do veleiro para que este fosse levado para o porto de Ashdod.
A organização March to Gaza Greece, numa publicação nas redes sociais, exigiu que o governo grego garantisse o regresso em segurança dos sete gregos e argumentou que estes terão sido raptados pelo exército israelita.
A última ação dos israelitas passou por desativar a câmara que registava a trajetória do barco durante todos estes dias.
Ministério das Relações Exteriores da Grécia: "a segurança dos cidadãos gregos é prioridade"
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Lena Zohiou, sublinhou, entre outras coisas, que a tutela está a acompanhar de perto a evolução da situação da flotilha ao largo de Gaza.
"A nossa prioridade é a segurança dos nossos cidadãos", sublinhou Zohiou. De referir que as forças da Marinha israelita realizaram um ataque ao navio grego "Oxygono", que participava na missão internacional da Flotilha Global Sumud com destino a Gaza.
Zohiou afirmou que os civis gregos estão de boa saúde, referindo que existe uma comunicação constante com a embaixada do país em Telavive e que o embaixador grego em Israel irá deslocar-se ao local onde se encontram estes cidadãos nacionais.
Segundo indicou ainda, o Ministério dos Negócios Estrangeiros fez diligências junto da parte israelita e levantou a questão da garantia da proteção dos cidadãos gregos, lembrando que ontem foi emitido um comunicado conjunto dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros da Grécia e de Itália, no qual se apelava à garantia da proteção dos participantes na flotilha.
Zohiou afirmou que não existem provas de violência por parte das forças israelitas, referiu que serão tomadas todas as medidas em Israel para prestar a assistência consular necessária e acrescentou que "será feito um registo, controlo e retirada de todos os que participaram na flotilha".
Disse ainda que o ministro Gerapetritis está em contacto com o seu homólogo israelita, tendo esclarecido que o sucedido não perturba a relação do país com Israel, com quem "temos uma parceria estratégica e queremos manter".
As reações dos partidos gregos
O representante parlamentar do KKE (Partido Comunista da Grécia), Nikos Karathanasopoulos, denunciou Israel pelo ataque à flotilha que transportava ajuda humanitária para Gaza, que incluía o navio grego. "Trata-se de um ataque pirata por parte do Estado assassino [Israel], numa altura em que este está a intensificar o seu ataque terrestre a Gaza, conduzindo ao genocídio do povo palestiniano", afirmou Karathanasopoulos.
O representante parlamentar do partido de esquerda SYRIZA, Christos Giannoulis, referiu, por sua vez, que "tendo em conta que uma deputada do parlamento grego [Peti Perka] também participa na expedição, queremos contribuir e unir a nossa voz ao que está a acontecer e que ultrapassa a política e a diplomacia, é uma catástrofe humanitária à beira do genocídio e, devido à missão dos navios, deveríamos deixar um pouco de lado a prática política das 'distâncias iguais' e integrar os valores e as ideias da UE, mas também do humanismo, no que está a acontecer no Médio Oriente, especialmente após a interceção cínica e puramente militar de civis que vão oferecer ajuda a crianças".
A Nova Esquerda faz referência a "pirataria israelita em águas internacionais" num comunicado, exigindo o regresso em segurança da deputada do partido, Peti Perka, que participa na missão humanitária internacional rumo a Gaza. "É inconcebível: cidadãos gregos, membros da missão humanitária internacional da Flotilha Global Sumud, estão desaparecidos após a interceção e apreensão do navio 'Oxygono' por forças israelitas em águas internacionais, entre os quais se encontra a deputada da Nova Esquerda, Peti Perka, sem que haja qualquer informação sobre a sua situação", refere o comunicado. "Trata-se de um facto de gravidade sem precedentes, que constitui um sequestro estatal e um ato de pirataria, uma violação flagrante do direito internacional e uma tentativa metódica de silenciar a solidariedade internacional e a ação humanitária", salienta a Nova Esquerda, exigindo "a mobilização imediata do governo grego, com uma intervenção clara e oficial junto de Israel, a fim de garantir a libertação imediata e o regresso em segurança de todos os passageiros, bem como informações detalhadas sobre a situação da deputada".