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Cessar-fogo em Gaza está a correr "melhor do que o esperado", diz o vice-presidente dos EUA em Israel

Dois palestinianos deslocados passam por edifícios destruídos no bairro de Sheikh Radwan, na cidade de Gaza, fortemente danificado, a 11 de outubro de 2025
Dois palestinianos deslocados passam por edifícios destruídos no bairro de Sheikh Radwan, na cidade de Gaza, fortemente danificado, a 11 de outubro de 2025 Direitos de autor  AP Photo
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De Gavin Blackburn
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O cessar-fogo foi posto à prova devido à ocorrência de novos combates no domingo e a acusações, de ambas as partes, de violações da trégua. Mas tanto Israel como o Hamas afirmaram estar comprometidos com o acordo.

O vice-presidente JD Vance e outros enviados dos EUA mostraram-se otimistas quanto ao frágil cessar-fogo em Gaza, na terça-feira, considerando os progressos melhores do que o previsto, durante a sua visita a Israel.

Vance fez referência às vagas de violência dos últimos dias, mas afirmou que o cessar-fogo, iniciado a 10 de outubro, está a correr "melhor do que esperava", após dois anos de guerra entre Israel e o Hamas. Declarações que foram proferidas no mesmo dia em que a Cruz Vermelha recebeu os restos mortais de mais dois reféns israelitas que estavam a cargo do grupo militante palestiniano.

O enviado da administração Trump para o Médio Oriente, Steve Witkoff, acrescentou que "estamos a superar o ponto em que pensávamos estar nesta altura".

A visita a Israel ocorre numa altura em que subsistem dúvidas sobre o plano de paz a longo prazo, nomeadamente se o Hamas irá desarmar-se, quando e como será enviada uma força de segurança internacional para Gaza e quem governará o território após a guerra.

Vance tentou minimizar qualquer ideia de que a sua visita, a primeira como vice-presidente, tenha sido organizada com urgência para manter o cessar-fogo em vigor.

Disse sentir-se "confiante de que chegaremos a um ponto em que esta paz será duradoura", mas avisou que se o Hamas não cooperar, será "destruído".

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, à chegada ao aeroporto Ben Gurion em Telavive, 21 de outubro de 2025
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, à chegada ao aeroporto Ben Gurion em Telavive, 21 de outubro de 2025 AP Photo

Jared Kushner, genro do presidente Donald Trump e um dos arquitetos do acordo de cessar-fogo, destacou a sua complexidade: "Ambos os lados estão a passar de dois anos de guerra muito intensa para uma postura de paz".

Vance deverá permanecer na região até quinta-feira e irá reunir-se com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outros responsáveis israelitas.

Cruz Vermelha recebeu os corpos de mais dois reféns

Entretanto, o grupo militante Hamas afirmou ter recuperado os corpos de mais dois reféns, informando que planeava entregá-los a Israel na terça-feira à noite. Algo que foi cumprido, já que o exército israelita informou que a Cruz Vermelha recebeu mais dois caixões com restos mortais de reféns mortos em Gaza, os quais devem ser entregues, num momento posterior, às tropas de Telavive presentes no enclave.

Vance pediu ainda um "pouco de paciência", perante a frustração israelita com o ritmo lento de todo o processo.

"Alguns destes reféns estão enterrados debaixo de milhares de quilos de escombros. Alguns dos reféns, ninguém sabe sequer onde estão", disse Vance.

Avinatan Or, refém recentemente libertado pelo Hamas, regressa à sua casa na colónia de Shilo, na Cisjordânia, 21 de outubro de 2025
Avinatan Or, refém recentemente libertado pelo Hamas, regressa à sua casa na colónia de Shilo, na Cisjordânia, 21 de outubro de 2025 AP Photo

Ao responder às perguntas dos jornalistas sobre os próximos passos do cessar-fogo, indicou ainda que "muito desse trabalho é bastante difícil" e pediu flexibilidade.

"Quando chegarmos a um ponto em que tanto os habitantes de Gaza como os nossos amigos israelitas possam ter alguma segurança, então preocupar-nos-emos com a governação de Gaza a longo prazo", afirmou.

"Vamos concentrar-nos na segurança, na reconstrução, em dar às pessoas comida e medicamentos."

Apesar de cerca de 200 soldados americanos terem sido recentemente enviados para Israel, Vance sublinhou que não estariam no terreno em Gaza. Mas mencionou também que as autoridades estão a começar a "conceptualizar como seria essa força de segurança internacional" para o território.

Vance mencionou a Turquia e a Indonésia como países que deverão participar. As bandeiras da Jordânia, da Alemanha, do Reino Unido e da Dinamarca foram colocadas no palco onde discursou.

O cessar-fogo foi posto à prova devido à ocorrência de novos combates no domingo e a acusações, de ambas as partes, de violações da trégua. Mas tanto Israel como o Hamas afirmaram estar comprometidos com o acordo.

O dirigente da agência de inteligência do Egito, o major-general Hassan Rashad, viajou para Israel na terça-feira para se reunir com Netanyahu, Witkoff e outros sobre o cessar-fogo, segundo informou o gabinete de Netanyahu.

Os negociadores do Hamas reiteraram que o grupo está empenhado em garantir que a guerra "termine de uma vez por todas".

Aumenta a ajuda destinada a Gaza

As organizações internacionais indicaram estar a aumentar a ajuda humanitária que entra em Gaza, enquanto as forças de segurança lideradas pelo Hamas lançavam uma repressão contra o que chamaram de especulação de preços por parte de comerciantes privados.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) afirmou ter enviado mais de 530 camiões para Gaza nos últimos 10 dias, o suficiente para alimentar cerca de meio milhão de pessoas durante duas semanas.

Este número é muito inferior aos 500 a 600 que entravam diariamente antes da guerra.

Um camião com ajuda humanitária atravessa o portão egípcio da passagem de Rafah em direção a Gaza, 20 de outubro de 2025
Um camião com ajuda humanitária atravessa o portão egípcio da passagem de Rafah em direção a Gaza, 20 de outubro de 2025 AP Photo

O Programa Alimentar Mundial informou também que restabeleceu 26 pontos de distribuição em Gaza e que espera voltar aos 145 pontos anteriores o mais rapidamente possível.

Os moradores disseram que os preços dos produtos essenciais dispararam no domingo, depois de militantes terem matado dois soldados israelitas e Telavive ter respondido com ataques que mataram dezenas de palestinianos. Israel também ameaçou suspender a ajuda humanitária.

Num mercado da cidade central de Deir al-Balah, uma embalagem de 25 quilos de farinha era vendida a mais de 70 dólares (60 euros) no domingo, contra cerca de 12 dólares (10 euros) pouco depois do cessar-fogo. Na terça-feira, o preço rondava os 30 dólares (25 euros).

Mohamed al-Faqawi, um residente de Khan Younis, acusou os comerciantes de estarem a aproveitar-se da perigosa situação de segurança.

"Estão a explorar-nos", destacou.

Na segunda-feira, o Hamas afirmou que as suas forças de segurança fizeram rusgas em lojas de toda a Faixa de Gaza, fechando algumas e obrigando os comerciantes a baixar os preços. O Hamas também permitiu que os camiões de ajuda humanitária circulassem em segurança e interrompeu a pilhagem que visava as entregas.

Soldados israelitas em cima de um tanque numa zona próxima da fronteira com a Faixa de Gaza, 21 de outubro de 2025
Soldados israelitas em cima de um tanque numa zona próxima da fronteira com a Faixa de Gaza, 21 de outubro de 2025 AP Photo

Nahed Sheheiber, chefe do sindicato dos camionistas do setor privado de Gaza, assegurou que não houve qualquer roubo de ajuda desde o início do cessar-fogo.

Mas subsistem outros desafios importantes, uma vez que o sistema financeiro de Gaza enfrenta graves dificuldades. Com quase todas as agências bancárias e caixas automáticas inoperacionais, as pessoas pagam comissões exorbitantes a uma rede de corretores de dinheiro para obter dinheiro para fazer face às despesas diárias.

Na terça-feira, dezenas de pessoas em Deir al-Balah passaram horas na fila do Banco da Palestina na esperança de conseguirem aceder ao seu dinheiro, mas esse acesso foi recusado.

"Sem o banco aberto e sem dinheiro, não importa que os preços tenham baixado", lamentou Kamilia Al-Ajez.

Outras fontes • AP

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