Numa entrevista publicada na quinta-feira, o secretário-geral da NATO rejeitou propostas para a criação de forças lideradas pela Europa na Ucrânia, afirmando que a parceria transatlântica continua a ser essencial para a segurança coletiva.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, rejeitou propostas para estruturas de segurança europeias independentes, insistindo que a UE não precisa romper com os EUA em questões de defesa, apesar dos apelos de políticos europeus de alto escalão.
Manfred Weber, líder do partido conservador PPE e do seu grupo no Parlamento Europeu, pediu o envio de tropas europeias sob o comando da UE para garantir a paz na Ucrânia.
"Gostaria que soldados com a bandeira europeia nos uniformes, juntamente com os nossos amigos ucranianos, garantissem a paz", disse Weber ao meio de comunicação alemão Funke.
Rutte discordou da proposta numa entrevista à agência de notícias alemã dpa, publicada na quinta-feira.
"Estou absolutamente convencido de que os EUA estão totalmente empenhados na NATO. Não há dúvida. Havia uma grande expectativa. Na verdade, que gastássemos mais, que a Europa assumisse mais responsabilidades", disse Rutte.
O chefe da NATO enfatizou que os esforços europeus de defesa devem ocorrer em conjunto com os EUA, e não de forma independente.
"Quando falamos sobre a Europa e a NATO, é mais do que apenas a UE", disse Rutte, observando que os 23 países da UE dentro da NATO representam apenas cerca de um quarto da produção económica total da aliança.
EUA e Europa vão trabalhar em conjunto
Rutte destacou os interesses comuns dos EUA e da Europa na defesa do Ártico e do Atlântico Norte.
"Os EUA têm os seus próprios interesses específicos na NATO, que são, obviamente, a segurança da Europa, mas também do Ártico. Um Ártico seguro é crucial para os Estados Unidos, e só podemos defendê-lo em conjunto, os aliados europeus e americanos da NATO."
"O Ártico é uma questão importante. Vemos navios chineses e russos a viajar para lá. E só podemos defender o Ártico juntos — os aliados europeus e americanos da NATO juntos."
O secretário-geral da organização alertou que a Rússia poderá representar uma séria ameaça já em 2027, de acordo com algumas avaliações dos serviços secretos.
"Não vou especular sobre onde, quando e como exatamente. No final das contas, se houver um ataque à NATO, então todos nós estaremos sob ataque — porque esse é o Artigo 5, que significa que um ataque a um é um ataque a todos", disse Rutte.
"Se fizermos essas duas coisas, seremos fortes o suficiente para nos defendermos, e Putin nunca tentará", afirmou, referindo-se à manutenção de um forte apoio à Ucrânia e ao aumento dos gastos com defesa da NATO.
Na entrevista na quinta-feira, Rutte elogiou o compromisso da Alemanha de atingir 3,5% do PIB em defesa até 2029, antes do prazo de 2035 acordado na cimeira da aliança em Haia, em junho.
Ele considerou a abordagem da Alemanha «muito impressionante» e disse que Berlim estava "na liderança" entre os aliados europeus.