Na sua mensagem de Natal, o primeiro-ministro destacou a realidade económica do país, reforçando “que os rendimentos dos portugueses estão a subir”. Recorrendo à linguagem futebolística, Montenegro pediu aos portugueses uma “mentalidade vencedora de ‘jogar sempre para ganhar’”.
No dia de Natal Luís Montenegro quis deixar uma mensagem de “esperança para o futuro” aos portugueses, destacando o desempenho económico do país e a “execução de uma agenda transformadora” por parte do executivo.
Luís Motenegro diz que Portugal é, atualmente, uma “referência a nível europeu e mundial”, explicando como os “rendimentos dos portugueses estão a subir e a nossa economia a crescer consistentemente acima da média europeia”.
Neste campo, destaca a recente distinção da revista britânica The Economist sobre o desempenho económico português, reforçando que esta não representa “um prémio teórico”.
Na sua mensagem, Luís Montenegro destacou o caminho percorrido mas lembra ainda o que falta percorrer, caminho esse que, segundo ele, carece ainda “de coragem política e capacidade reformista”.
“Precisamos de ser mais eficientes e mais produtivos para atingirmos novos patamares de crescimento que tragam também novos patamares de rendimento”, afirmou o primeiro-ministro, que se socorreu da gíria futebolística para clarificar a mensagem.
“É a diferença entre "jogar para empatar" ou ter a mentalidade vencedora de "jogar sempre para ganhar", explicou o primeiro-ministro, reforçando que é que necessária “a mentalidade ‘Cristiano Ronaldo’”.
“Ou nos contentamos com esta circunstância, em que estamos bem, mas sabemos que, se nos mantivermos assim, a médio prazo vamos perder face à evolução dos outros; Ou aproveitamos a situação em que estamos e tratamos já de garantir a nossa própria evolução para continuarmos a crescer mais do que os outros no futuro”.
O primeiro-ministro acredita que cenário de instabilidade política está ultrapassado, considerando que "vamos ter cerca de três anos e meio sem eleições nacionais", sendo por isso esta a altura de o país se focar "em cumprir a nossa responsabilidade e fazer tudo para garantir a Portugal e a cada português um futuro mais próspero".
Partidos reagem à mensagem do primeiro-ministro
Entre os partidos com assento parlamentar apenas aquelas que sutentam o governo, PSD e CDS, reforçaram que a mensagem do primeiro-ministro é de esperança para o futuro. Os restantes partidos criticaram as palavras de Luís Motenegro, consideranto que o retrato do país traçado não é o de Portugal e o da realidade dos portugueses.
O Chega considerou "inacreditável" que Montenegro não tivesse inciado a mensagem com um pedido de desculpa "pelas enormes falhas na Saúde, pelos bebés nascidos em ambulância, pelas cirurgias adiadas e não deixe uma pista sobre como pensa resolver esses problemas”.
Inês de Medeiros, do partido Socialista, criticou o tom do primeiro-ministro, descrevendo Montenegro como “uma espécie de mentor de autoajuda com discursos motivacionais”, reforçando que "não foi para isso que ele foi eleito".
Mariana Leitão, da Iniciativa Liberal, considerou as palavras do primeiro-ministro não reflete a realidade dos portugueses. “É um discurso que já tem sido habitual nos últimos anos, vendemos sempre um país maravilhoso”, afirmou.
Já o partido Livre, através de Paulo Muacho, reforçou que os portugueses não parecem ter confiança no trabalho do atual executivo. “Aquilo que nós temos visto é que não existem essas razões para confiar no trabalho do Governo. (...) O senhor primeiro-ministro parece que vive num país diferente", afirmou.
O PCP diz que faltou "a realidade do país" na mensagem do primeiro-ministro.
“O que faltou nesta declaração foi a realidade do país. Uma realidade que é feita de salários baixos, de um custo de vida que não para de aumentar", afirmou Catarina Araújo.
Também José Manuel Pureza, coordenador do Bloco de Esquerda, reforçou o alegado desfazemento entre as palavras de Montenegro e a realidade portuguesa: “Falou de um país que não existe e, fabulando um país de crescimento, um país de riqueza bem distribuída, tudo aquilo que as pessoas não veem no seu dia a dia".