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Como começaram os protestos no Irão?

Protestos em Teerão a 29 de dezembro de 2025
Protestos em Teerão a 29 de dezembro de 2025 Direitos de autor  آسوشیتدپرس
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A queda acentuada do valor da moeda nacional iraniana e a inflação persistente originou uma onda de protestos que começou a partir da capital e espalhou-se por mais de nove províncias iranianas em menos de três dias.

Uma nova onda de protestos no Irão começou no final de dezembro, desencadeada por um colapso sem precedentes da moeda nacional, com as taxas de câmbio a atingirem máximos históricos.

A rápida desvalorização está a agravar a pressão inflacionária, elevando os preços dos alimentos e outros bens de primeira necessidade e pressionando ainda mais o orçamento familiar, uma tendência que pode piorar com a alteração do preço da gasolina introduzida nos últimos dias.

De acordo com o centro de estatísticas do Estado, a taxa de inflação em dezembro subiu para 42,2% em relação ao mesmo período do ano passado e é 1,8% superior à de novembro. Os preços dos alimentos subiram 72% e os itens de saúde e médicos aumentaram 50% em relação a dezembro do ano passado, de acordo com o centro de estatísticas. Muitos críticos veem a taxa como um sinal da aproximação da hiperinflação.

A forte volatilidade do mercado levou muitas empresas a suspender transações, fechar lojas e adiar vendas, agravando uma recessão de uma economia já por si, frági.

Ao mesmo tempo, o governo defendia o orçamento anual proposto — um plano orientado para a austeridade que oferecia aumentos salariais muito abaixo da taxa de inflação real.

Protestos espalham-se pelo país e ganham tom político

Mas os protestos não se limitaram apenas a Teerão. As manifestações iniciais, lideradas por comerciantes e pequenos empresários, espalharam-se rapidamente para além da capital. Em poucos dias, os protestos expandiram-se para mais de dez cidades em várias províncias.

No terceiro dia, estudantes universitários de várias cidades juntaram-se aos protestos, com as manifestações a expressarem uma insatisfação mais ampla com o sistema político do Irão.

As forças de segurança responderam com medidas de controlo de multidões, incluindo gás lacrimogéneo e várias detenções de curta duração.

Os protestos são os maiores desde as manifestações nacionais “Mulher, Vida, Liberdade” em 2022, que decorreram após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que aconteceu enquanto esta estava sob custódia policial depois de ser detida por não usar o véu.

Funcionários do governo adotaram um tom relativamente mais suave, reconhecendo as dificuldades económicas.

O governo do país afirmou na terça-feira que estava "a ouvir a voz do povo" e a procurar "restaurar a calma" após alguns dos maiores protestos no país em três anos.

"Ouvir a voz do povo, mesmo quando protesta e quando os protestos são violentos, é um dever do governo", afirmou Fatemeh Mohajerani numa declaração transmitida ao vivo pela televisão estatal.

Há, no entando, quem fale num alegada interferência estrangeira nos protestos.

O presidente iraniano Masoud Pezeshkian disse na quarta-feira que Teerão está em uma “guerra total” com seus inimigos.

“Estamos envolvidos numa guerra total. Neste momento, o inimigo depositou a maior parte das suas esperanças em nos enfraquecer através da pressão económica”, disse Masoud Pezeshkian durante um discurso na cidade central de Shahrekord.

"Não se pode conquistar uma nação com bombas, caças a jato ou mísseis», acrescentou. #Para nos derrotar, eles teriam que vir e enfrentar-nos no terreno. E se eles enfrentassem esta nação no terreno, se permanecermos determinados, unidos e comprometidos em trabalhar juntos para tornar o nosso país orgulhoso, seria impossível para eles colocar o Irão de joelhos", acrescentou.

Irão nomeia novo governador do banco central

Após uma queda recorde da moeda em relação ao dólar americano que provocou a onda de protestos, o Irão também nomeou um novo governador do banco central.

O gabinete de Pezeshkian nomeou Abdolnasser Hemmati, ex-ministro da Economia, como novo governador do Banco Central da República Islâmica do Irão, segundo informou a agência oficial de notícias IRNA.

Hemmati sucede Mohammad Reza Farzin, que renunciou na segunda-feira, um dia após o início dos protestos, provocados pela queda do rial, a moeda iraniana, para um nível recorde.

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