O impacto da incerteza e das tensões comerciais na economia europeia

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A economia global está a abrandar devido ao clima de incerteza e às tensões comerciais.

A economia global está a abrandar devido ao clima de incerteza e às tensões comerciais.

As previsões da Comissão Europeia apontam para um crescimento do PIB de 1,4% na União Europeia e 1,2% na zona euro, abaixo do previsto um ano antes. Fatores internos deverão sustentar a economia europeia mas há cada vez mais incertezas em relação ao desempenho da economia mundial.

A União Europeia é o principal parceiro comercial de 80 países. Em média, as tarifas aduaneiras aplicadas à importação de bens são baixas. Mais de 70% das importações são isentas de taxas ou pagam muito pouco. Os 28 consideram que é benéfico manter a economia aberta, continuam a defender o comércio livre a assinar acordos de comércio livre.

O acordo de comércio com o Japão

Um dos mais recentes acordos comerciais europeus é o acordo com o Japão, que entrou em vigor a 1 de fevereiro. O acordo suprimiu quase todas as taxas alfandegárias, o que representa mil milhões de euros por ano.

A euronews visitou várias empresas do ramo alimentar em Itália que beneficiaram com a redução das taxas. "Desde o início do ano, compramos mais ingredientes. Pelo mesmo preço, podemos comprar produtos de maior qualidade", disse Sabrina Bai, proprietário do restaurante Shiroya, em Roma.

Os produtos alimentares japoneses são adquiridos por intermédio de uma empresa de importação. Desde o dia 1 de fevereiro, a maioria dos produtos está isenta de tarifas aduaneiras.

"Estes acordos são importantes para as Pequenas e Médias Empresas. Sentimos o impacto da diminuição dos preços nas nossas vendas de produtos japoneses. Aumentámos as importações, o que é bom para nós", sublinhou Bernard Journo, diretor do departamento comercial da Nipponia, empresa italiana de importação de produtos japoneses.

O Japão é o sexto maior parceiro comercial da União Europeia e o quarto mercado para as exportações agroalimentares. As taxas sobre os produtos alimentares exportados para o Japão rondavam os 40% no caso da carne bovina e 15% no caso do vinho. Segundo o acordo assinado com o Japão, 97% dos produtos europeus vão ficar isentos de taxas aduaneiras de forma progressiva,

A Itália é um dos principais exportadores de vinho no Japão. A euronews esteve na Sardenha, em Itália, para visitar uma empresa de exportação de produtos tradicionais como vinho e queijo.

"Há um ano começámos a exportar para o Japão. No primeiro ano, trabalhámos com uma pequena quantidade que foi aumentado gradualmente. Hoje, as vendas para o Japão representam 16% das nossas exportações", contou Antonella Corda, proprietária da empresa italiana Cantina Antonella Corda.

A União Europeia prevê um aumento da exportação de produtos lácteos. Em termos globais, o acordo com o Japão deverá aumentar o PIB em 33 mil milhões de euros em 2035.

"O mercado japonês é muito interessante porque os japoneses interessam-se pela qualidade e têm dinheiro para gastar. Ao mesmo tempo, é um mercado onde as coisas se fazem lentamente. Mas quando se faz um acordo, o acordo dura muito tempo", afirmou Marta Sanna, diretora da empresa Smartimport.

O futuro do comércio livre

Mas, o comércio global é cada vez mais alvo de críticas. A intensificação da troca de bens, a nível planetário, gera poluição e contribuiu para o agravamento da crise climática. Por outro lado, os Estados Unidos querem impor novas regras à economia mundial e são criticados por adotarem uma abordagem isolacionista, enquanto o Reino Unido decidiu abandonar a União Europeia.

A euronews entrevistou Arancha González, diretora do Centro do Comércio Internacional, em Genebra, sobre o atual clima de incerteza e o ataque ao multilateralismo.

"O multilateralismo é ameaçado de duas formas. Em primeiro lugar o significado do multilateralismo enquanto sistema de cooperação internacional baseado no diálogo e nos acordos está a ser atacado. Mas há também um ataque contra as regras específicas do comércio internacional que permitem restringir as pulsões unilaterais, o que não é uma questão de fraqueza, Tem a ver com a ideia de que, se nos restringirmos, nós seremos mais fortes e a outra parte será mais forte. Mas a escolha que devemos fazer não é entre multilateralismo e bilateralismo. É uma dicotomia errada. A escolha que devemos fazer é entre ordem e caos. Multilateralismo significa ordem, um sistema, regras previsibilidade e transparência. O unilateralismo significa o caos nas nossas economias. O sistema de comércio internacional tem de ser revisto. Há práticas de comércio injustas e que é preciso mudar, há regras que têm de ser alteradas e modernizadas mas é preciso fazê-lo de uma forma cooperativa, senão será o caos.

Brexit: um dos fatores de incerteza na Europa

"Em primeiro lugar, há a incerteza ao nível da economia global. Dois terços do crescimento da União Europeia depende do exterior. A incerteza da economia global afeta a economia europeia. A segunda incerteza situa-se no interior da União Europeia, é o Brexit. A integração económica e financeira incompleta é uma questão com que teremos de lidar o mais depressa possível para reforçar a resiliência da economia europeia. Cada dia que passa sem que haja acordo sobre o Brexit cria mais incerteza e essa incerteza afeta o crescimento sobretudo no Reino Unido. Os números do crescimento estão a ser revistos em baixa, mês após mês. Temos de construir instituições e regras que garantam estabilidade e transparência e reduzam a incerteza", sublinhou a diretora Centro do Comércio Internacional.

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