Quando se aborda grandes acontecimentos internacionais, ouvimos frequentemente falar dos desafios que enfrenta o "Sul Global", mas como é usado o termo?
Quando se aborda grandes acontecimentos internacionais, como guerra, pandemia ou alterações climáticas, ouvimos frequentemente falar dos problemas e desafios que enfrenta o Sul Global.
O termo conta já com mais de meio século, mas hoje em dia, quando se fala do Sul Global, referimo-nos sobretudo às economias emergentes. Será que o termo ainda é relevante? As opiniões dos especialistas divergem.
Ian Lesser, vice-presidente do "German Marshall Fund of the US":"É verdade que ouvimos falar disto cada vez com mais frequência, incluindo um debate sobre se o termo faz algum sentido. Penso que faz. E a verdade é que é muito utilizado no Sul Global. É aí que este termo tem sido mais popular. E tem sido adotado de diferentes formas. E é útil. É basicamente um código para países, alguns muito diferentes, mas uma espécie de potências médias, países em desenvolvimento, países que procuram exprimir o seu próprio sentido de assuntos internacionais e de estratégia que nem sempre tem de vir do Norte."
Patrick Stewart, diretor do Programa de Ordem Global e Instituições do "Carnegie Endowment for International Peace":"Penso que deve ser utilizado com alguma ponderação e discriminação. Não há dúvida de que o termo Sul Global é um importante grito de guerra e incorpora um sentimento de insatisfação com instituições internacionais estabelecidas, que incorporam o interesse geopolítico ou os interesses económicos das potências ocidentais. O meu problema com o Sul Global é que é uma expressão tão abrangente que engloba mais de 130 países diferentes no mundo, que não faz justiça à incrível heterogeneidade e diversidade dos países que o rótulo pretende descrever."
Os especialistas dizem que alguns países tentam usar o Sul Global para aumentar a sua influência na arena internacional.
No início de 2023, a Índia realizou uma cimeira virtual denominada "Voz do Sul Global", com a participação de representantes de mais de 120 países. E a questão interessa também bastante à China, que há muito investe no resto da Ásia, em África e na América Latina.