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Eurodeputados pedem à Comissão Europeia que não compre energia aos EUA

A UE comprometeu-se a comprar 750 mil milhões de dólares em produtos energéticos americanos ao abrigo do acordo comercial transatlântico.
A UE comprometeu-se a comprar 750 mil milhões de dólares em produtos energéticos americanos ao abrigo do acordo comercial transatlântico. Direitos de autor  AP Photo
Direitos de autor AP Photo
De Peggy Corlin
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Circula no Parlamento Europeu uma carta que denuncia o compromisso da Comissão Europeia de comprar 750 mil milhões de dólares de produtos energéticos aos EUA, no âmbito do acordo comercial celebrado entre Ursula von der Leyen e Donald Trump no final de julho.

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Um eurodeputado liberal francês recolheu assinaturas de 20 outros deputados europeus para uma carta a que a Euronews teve acesso, pedindo à Comissão Europeia que reveja o compromisso assumido no âmbito do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA) de comprar energia norte-americana.

No documento - que será enviado em breve à Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Comissário para o Comércio, Maroš Šefčovič, e ao Comissário para a Energia, Dan Jørgensen - os eurodeputados liderados por Christophe Grudler, do Renew, apelam ao executivo comunitário para que reconsidere o seu compromisso de comprar 750 mil milhões de dólares em produtos energéticos norte-americanos nos próximos três anos.

Estes produtos incluem gás natural liquefeito (GNL), petróleo, combustíveis nucleares e pequenos reatores modulares (SMR). Os signatários argumentam que o acordo irá prejudicar os objetivos climáticos, a competitividade industrial e a soberania estratégica da UE.

"O aumento das importações de GNL a partir do gás de xisto dos EUA prejudica diretamente a nossa agenda climática e o nosso regulamento sobre as emissões de metano", diz a carta: "O GNL é altamente poluente quando liquefeito, transportado através do Atlântico e regaseificado. Esta dependência é uma bomba-relógio climática".

A iniciativa foi lançada por Christophe Grudler, eurodeputado francês do grupo liberal Renew.

A carta alerta ainda que, para além das preocupações energéticas, o acordo corre o risco de expor a UE a uma "chantagem política", uma vez que os EUA exigem alterações às políticas climáticas da UE, incluindo o Mecanismo de Ajustamento das Fronteiras de Carbono, ao abrigo do qual o bloco aplicará taxas sobre a pegada de carbono das importações estrangeiras a partir de 1 de janeiro de 2026.

O compromisso de compra de energia faz parte do acordo UE-EUA alcançado durante o verão.

Alguns eurodeputados consideram o acordo profundamente desequilibrado, uma vez que os EUA continuam a impor tarifas de 15% sobre os produtos da UE, enquanto o bloco comunitário concordou em fazer grandes investimentos em território norte-americano, incluindo nos setores da energia e da defesa.

'Desequilíbrio económico'

Na carta enviada à Comissão Europeia, os eurodeputados criticam também o "desequilíbrio económico" criado pela promessa de compra de 750 mil milhões de dólares de energia ao longo de três anos.

A carta descreve este valor como "astronómico".

"Para pôr isto em perspetiva, o Fundo para a Competitividade proposto no QFP ascende a 362 mil milhões de euros ao longo de sete anos. Como é que podemos pedir às empresas europeias que comprem maciçamente aos EUA, quando as instamos a reforçar a nossa competitividade a nível interno?", indica a circular.

A inclusão dos pequenos reatores modulares norte-americanos no acordo também suscitou preocupações entre os eurodeputados.

"Numa altura em que a UE está a construir a sua própria cadeia de abastecimento de SMR, abrir a porta aos concorrentes dos EUA é um absurdo total", refere a carta.

Os eurodeputados sublinham que as decisões comerciais "devem continuar a ser uma prerrogativa das empresas e não devem ser antecipadas por promessas políticas".

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