"Icarus", os segredos do maior escândalo de doping do novo milénio

"Icarus", os segredos do maior escândalo de doping do novo milénio
De  Francisco Marques

Grigory Rodchenkov dirigiu o centro antidoping de Moscovo. Foi responsável pela evasão de centenas de atletas das malhas dos controlos antidoping, permitindo-lhes brilhar nos Jogos olímpicos de inverno de Sochi, onde a Rússia conquistou 13 medalhas de ouro.

Pouco mais de ano e meio depois um escândalo provocado por uma alegada rede concertada de doping, com suposto conhecimento do governo liderado por Vladimir Putin, colocou em risco a presença da comitiva russa nas Olimpíadas de verão de 2014. Mais de uma centena de atletas russos foram suspensos e impedidos de competir no Rio de Janeiro.


O médico russo tornou-se o principal informador das autoridades, teve de receber proteção especial e acaba por ser a estrela de “Icarus”, o documentário de Bryan Fogel sobre os bastidores do maior escândalo de doping do novo milénio.

O realizador considera que a problemática do documentário “envolve todo o desporto”. “Envolve as Olimpíadas e competições internacionais que decorrem há décadas.
Dou por mim num nível similar ao de Edward Snowden, quem, essencialmente, planeou tudo para o próprio governo”, afirma Fogel.

O documentário começou por focar-se numa tentativa do próprio Brian Fogel imitar Lance Armstrong e entrar numa corrida de bicicletas europeia após recurso a doping. Introduziu-se nos meandros do mundo do doping e conheceu Grigory Rodchenkov.


O médico acaba por lhe roubar os holofotes do documentário e, numa das entrevistas concedidas, chega mesmo a responsabilizar Vladimir Putin, garantindo que o Presidente da Rússia estava informado sobre a rede de doping russa. Fogel acabou por ter de ajudar Rodchenkov a emigrar e a receber proteção das autoridades.

“Icarus” estreou a 20 de janeiro no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, onde ganhou o prémio especial do júri. Passou pela reedição britânica do mesmo festival, em Londres, a 03 de junho, e ainda por outras mostras e concursos cinéfilos europeus e norte-americanos.

A 04 de agosto, o polémico documentário de Bryan Fogel é disponibilizado pela plataforma digital Netflix.