Wim Wenders, presidente da Academia Europeia de Cinema, faz o balanço dos 30 anos dos Prémios do Cinema Europeu.
Wim Wenders é um dos mais emblemáticos cineastas e produtores da Europa.
Os seus filmes como “Paris, Texas” (1984) e “As asas do desejo” (1987) foram aclamados pela crítica arrebatando vários prémios em festivais de cinema internacionais. Foi nomeado por três vezes para o Óscar com documentários, onde se inclui “Buena Vista Social Club”.
''I must be seeing an Angel''
WINGS OF DESIRE (1987)#WimWenders#PeterFalk#BrunoGanzpic.twitter.com/PxQd7d9JxV
— Cineaste (@WaynBrunsdon) December 13, 2017
O alemão é o presidente da Academia Europeia de Cinema, que organiza, todos os anos, os Prémios do Cinema Europeu. O próprio Wenders foi homenageado várias vezes…
Por altura do 30º aniversário dos galardões, a entrevista de Wim Wenders à euronews, conduzida por Wolfgang Spindler.
euronews: 30 anos de Prémios do Cinema Europeu, é uma história longa… Está na Academia Europeia de Cinema desde o início. Que balanço faz?
Wim Wenders: O tempo passou rápido. Tudo começou aqui em Berlim, o muro ainda de pé. O prémio de Melhor Filme foi para o realizador polaco Krzysztof Kieślowski. Ele ficou tão surpreendido que tudo o que ele disse foi: ‘Espero que a Polónia esteja na Europa “. Isso foi o quão distanciados estávamos há 30 anos e, entretanto, muito aconteceu. A Academia Europeia de Cinema está, agora, bem estabelecida, os Prémios do Cinema Europeu tornaram-se numa marca comercial, o que ajuda os filmes que ganham. Era isso que esperávamos, que reunisse o cinema europeu e a família do cinema europeu. Queríamos transmitir a mensagem: temos que trabalhar juntos e perceber que juntos, somos mais fortes. É por isso que criámos este prémio.
The emotional speech of EFA President Wim Wenders at #efa2017, remembering the Berlin of 30 years ago, divided city in a divided Europe, and how nationalism – “the oldest and worst European disease” – is getting back in our lives. Let's spread his message https://t.co/hem98EjicOpic.twitter.com/YyOOb1KH3F
— European Film Awards (@EuroFilmAwards) December 11, 2017
e: Quando se olha para a indústria cinematográfica europeia, temos ótimos filmes, ótimo cinema de autor/ de cinema de arte, mas por que é que a Europa não é capaz de construir uma indústria cinematográfica, onde tenha, também, êxitos de bilheteira que gerem muito dinheiro, de maneira a suportar o cinema artístico? Depois de todos estes anos, porque é que isso não é possível na Europa?
Wim Wenders: Porque a Europa não é a América. Não visamos o mercado mundial com filmes que têm o menor denominador comum para atrair toda a gente. O tesouro da Europa é a sua diversidade e, em todos os países, as coisas são diferentes. Cada país tem a sua própria história e queremos preservar essa diversidade. Nós não queremos ter uma cultura de cinema europeu monolingue – que seria certamente o inglês para competir com Hollywood. Hollywood é muito bom a fazer isso, mas isso não somos nós. O tempo da ideia de que o “Euro-Pudim” poderia funcionar acabou. A Europa é muito mais um jogo livre de diferentes culturas e energias. Isso é complexo e certamente não se pode desenvolver o mesmo impacto que os norte-americanos e, também, não queremos isso.
e: Após 30 anos de Prémios do Cinema Europeu, qual é o futuro e quais são os desafios do cinema europeu?
Wim Wenders: O cenário da produção de filmes mudou drasticamente. A revolução digital avançou poderosamente. Desejo que a indústria cinematográfica europeia se torne vanguardista e não retrógrada. O modo de produção de filmes está a mudar tanto quanto a forma de distribuição e receção de filmes. Temos de estar na linha da frente e também temos que explicar aos nossos Governos que não podemos perder o barco e que não podemos estar nesta maratona revolucionária 3 etapas atrás. Temos de estar entre os corredores da frente.