Produção de Ai Weiwei em destaque no Festival Internacional de Cinema e Fórum de Direitos Humanos

Produção de Ai Weiwei em destaque no Festival Internacional de Cinema e Fórum de Direitos Humanos
Direitos de autor 
De  Wolfgang SpindlerMonica Carlos
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O festival é um dos principais eventos internacionais dedicados à abordagem dos direitos humanos e suas violações sob o prisma do cinema.

PUBLICIDADE

Na sua 17th edição, o Festival Internacional de Cinema e Fórum sobre os Direitos Humanos, realizado em Genebra, é um dos principais eventos internacionais dedicados à abordagem dos direitos humanos e suas violações sob o prisma do cinema.

Durante 10 dias, o festival incluíu cerca de 200 eventos e a apresentação de 47 filmes, quase todos esgotados, em paralelo à sessão de alto nível do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Cada vez mais, as pessoas têm necessidade não só de compreender o mundo mas também de colocar questões, de reunir-se, de denunciar e de encontrar soluções concretas. O que pretendemos com a apresentação destes filmes no festival, é que as pessoas pensem: nunca tinha visto o mundo desta maneira," comentou Isabelle Gattiker, diretora do festival.

**Em destaque: Ximei, de Andy Cohen & Gaylen Ross
**

Entre os destaque desta edição do festival, esteve o filme Ximei, realizado por Andy Cohen e Gaylen Ross. Trata-se de um documentário sobre uma camponesa da província de Henan, na China, que ficou infectada com o vírus da SIDA no final dos anos 90, na sequência de uma campanha do governo chinês com vista a encorajar os cidadãos sem recursos a venderem o seu plasma sanguíneo.

Doadores e receptores de sangue foram infectados com o vírus VIH devido a equipamentos contaminados e condições sanitárias precárias, que desencadearam uma epidemia.

Liu Ximei tinha dez anos quando o seu cabelo ficou preso numa máquina agrícola. Tendo perdido muito sangue foi infectada pelo vírus por transfusão de sangue contaminado. Perdeu até hoje muitos amigos também infectados.

A epidemia documentada no filme foi seguida por um encobrimento escandaloso, uma espécie de omertà [lei de silêncio]. As autoridades locais tentam intimidar Ximei e fecham a casa que abrira para vítimas da SIDA.

A presente estimativa do número de vítimas da epidemia é de 300.000 e a camponesa luta para assegurar medicação adequada e para superar a discriminação social e legal de que são alvo.

O realizadores do documentário, que tiveram telefones sob escutas, mensagens eletrónicas interceptadas, e chegaram a ver confiscadas partes das filmagens, passaram sete anos a tentar abordar oficiais chineses sobre a epidemia.

O produtor executivo do filme é nada mais nada menos que o grande artista chinês Ai Weiwei.

“Vivemos numa sociedade onde os inquéritos não são independentes e o jornalismo não é livre. Muitos casos de violações de direitos humanos são encobertos. É difícil para um realizador fazer um filme como este. A China é uma sociedade fortemente controlada. E um filme como este é visto como algo de subversivo,” afirmou.

“Estou muito feliz e orgulhosa deste filme. Para mim e os meus amigos que estão preocupados com esta questão, o filme é um meio para falar sobre esta situação e tornar pública a nossa causa. Lutei por muito tempo sozinha,” explicou Liu Ximei.

Referindo-se a Liu Ximei, o realizador Andy Cohen declarou que esta “é basicamente uma super heroína da era moderna. E não precisamos de nenhuns efeitos especiais.”

“É muito importante honrar e apoiar mulheres como Ximei, que é de uma corajem incrível e tudo o que faz, fá-lo muitas vezes sozinha e sem apoio, esteja ou não em frente da câmera. Precisamos de mais mulheres no mundo como Liu Ximei,” acrescentou Gaylen Ross.

O documentário teve a sua estréia mundial no Festival Internacional de Cinema e Fórum sobre os Direitos Humanos, em Genebra, e busca agora distribuição a nível internacional.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Os grandes filmes dos Prémios do Cinema Europeu 2023

Monica Bellucci leva Maria Callas ao Festival de Cinema de Salónica

Realizador alemão Wim Wenders recebe Prémio Lumière em Lyon