São já 75 mil as placas, as chamadas 'Stolperstein', gravadas à mão pelo artista alemão Gunter Demnig, e colocadas frente às casas onde viveram vítimas do Holocausto. A mais recente pequena placa de latão, "colada" a uma pedra da rua, faz agora parte do dia-a-dia dos habitantes de Memmingen, no sul da Alemanha. Mas elas existem noutros países, como a Áustria, Bélgica, Croácia, Finlândia, França, Grécia, Itália ou Espanha.
"Com cada letra que é martelada as palavras assumem um novo significado, assassinato e morte não são apenas palavras, é algo real que se pode segurar nas mãos", explica o artista que se dedica, a cem por cento, a este trabalho.
Para Ludwig Spaenle, Comissário antissemitismo do governo da Baviera trata-se de manter a memória viva:
"Eram judeus que moravam no bairro. É uma questão de lembrá-los e dar a essas pessoas, novamente, um lugar no seio da comunidade", adianta.
Estes blocos, cuidadosamente documentados, estão espalhados por mais de 1200 cidades da Europa, o que transforma o conceito no maior monumento ao Holocausto, descentralizado. Para o artista é o trabalho de uma vida:
"Tornou-se o trabalho da minha vida e ele preenche-me. Talvez nenhum artista, que trabalha em estúdio, como um pintor ou escultor, tenha experienciado o mesmo que eu com este trabalho na rua", adianta Demnig.
No ano passado, Gunter Demnig viajou durante 270 dias para colocar estas pedras ornamentadas com placas de latão. Um projeto de arte que arrancou no início dos anos 90 e que não tem fim porque há sempre alguém que é preciso não esquecer.