Óscares 2022: "CODA" é o melhor filme, o bis de Jane Campion e a estalada de Will Smith
Academia de Hollywood distingue versão de um filme francês com menos de 10 anos e volta a destacar uma mulher na realização. Jessica Chastain, Will Smith e uma estalada também brilharam
A 94.ª edição da entrega dos prémios de cinema da Academia de Hollywood consagrou "CODA", a versão americana do filme francês "A Família Bélier" (2014), e a realizadora Jane Campion.
A cerimónia ficou, no entanto, manchada por uma aparente estalada de Will smith a Chris Rock em pleno palco, perante milhões de espetadores em todo o mundo.
"CODA - No Ritmo do Coração", o primeiro filme lançado exclusivamente em plataformas digitais (Apple TV) consagrado por Hollywood, arrecadou ainda mais duas estatuetas, com agradecimentos naturalmente em linguagem gestual para melhor ator secundário, o surdo Troy Kotsur, e melhor argumento adaptado.
Em preparação está atualmente um musical sobre a história de uma família de surdos em que apenas um dos filhos nasceu com os cinco sentidos em pleno e com talento para a música.
A neozelandesa Jane Campion recebeu o segundo Óscar da carreira por "O Poder do Cão" depois de ter vencido um pelo argumento de "O Piano", em 1994.
O novo filme de Campion entrou pela passadeira vermelha como o mais nomeado, com 12 candidaturas, mas saiu apenas com uma estatueta.
A nova versão de "Duna" fechou a noite como o filme mais premiado desta edição dos Óscares, com seis estatuetas, relegando para segundo plano "O Poder do Cão".
O luso-canadiano Luís Sequeira esteve uma vez mais nomeado para o prémio de melhor guarda-roupa, por um filme de Guillermo del Toro, desta vez por "Nightmare Alley – Beco das Almas Perdidas", mas voltou a perder a estatueta. Em 2018, tinha sido com "A Forma da Água".
A estalada a Chris Rock
Will Smith e Jessica Chastain venceram os prémios para as melhores interpretações, com o ator de "King Richard - Para além do Jogo" a assinar o momento da noite, numa aparente contenda em palco com Chris Rock.
Smith subiu ao palco e pareceu agredir o apresentador devido a uma piada sobre Jada Pinkett Smith, a mulher do ator. O eterno "príncipe de Bel Air" viria a ser registado escassos minutos depois a rir-se descontraidamente de novo no seu lugar na plateia, como se tudo não tivesse passado de uma encenação.
As redes sociais no entanto não deixaram passar o momento em claro e deram força à ideia de que teria sido um atrito real entre Smith e Rock, sublinhando o facto de o ator ter proferido duas asneiras quando exigiu ao apresentador para não se referir ao nome da mulher, a quem Rock chamou "G.I. Jane" na referida piada.
Jada Pinkett Smith sofre de apolépcia, uma doença que provoca perda de cabelo.
Entre teorias de encenação ou atrito real, o debate divide-se agora entre os limites do humor e a violência como resposta a uma piada de mau gosto feita por um humorista profissional.
A Academia de Hollywood terá tentado abafar quaisquer reações ou comentários de quem esteve na cerimónia sobre o sucedido entre Smith e Rock, permitindo o prolongar da polémica que ofuscou os premiados da noite.
Pelas redes sociais, a academia afirmou que "não tolera violência de qualquer forma" e tentou recuperar os holofotes para os vencedores da noite.
Em comunicado, citado pela BBC, o organizador da entrega dos Óscares do cinema revelou a abertura de "um inquérito formal" ao alegado "incidente" para "explorar mais ações e consequências" neste caso, ao abrigo da legislação da Califórnia.
Os prémios de 2022
- Melhor Filme: "CODA - No Ritmo do Coração";
Melhor realizador: Jane Campion, "O Poder do Cão";
Melhor Ator: Will Smith, "King Richard - Para Além do Jogo";
Melhor Atriz: Jessica Chastain, "Os Olhos de Tammy Faye";
Melhor Ator Secundário: Troy Kotsur, "CODA";
- Ariana DeBose, "West Side Story";
- Melhor Argumento Original: Kenneth Branagh, por "Belfast";
- Melhor Argumento Adaptado: Sian Heder, por "CODA";
Filme de Animação: "Encanto" (Disney);
Fotografia: Greig Fraser, "Duna";
Guarda-roupa: Jenny Beaven, "Cruella";
Caraterização: Linda Dowds, Stephanie Ingram and Justin Raleigh, "Os Olhos de Tammy Faye";
Melhor Documentário: "Summer of Soul (...Ou, Quando A Revolução Não Pôde Ser Televisionada)";
- Edição: Joe Walker, "Duna";
- Filme em língua não inglesa: "Conduz o Meu Carro", de Ryûsuke Hamaguchi;
- Banda Sonora: "Hans Zimmer, "Duna";
- Canção Original: Billie Eilish e Fineas, "No Time To Die", de "007 Sem Tempo para Morrer";
Direção de Arte: "Duna";
Som: "Duna";
Efeitos Visuais: "Duna";
Curta Metragem: "The Long Goodbye";
Curta de Animação: "The Windshield Wiper".