Donald Trump inaugura "carreira musical"

Antigo presidente dos EUA, Donald Trump, acaba de participar num "single"
Antigo presidente dos EUA, Donald Trump, acaba de participar num "single"   -  Direitos de autor  AP Photo
De  euronews

A voz do antigo presidente dos EUA foi incluída como música de fundo num tema musical que conta com a participação de reclusos detidos após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021

O aclamado escritor espanhol Miguel de Cervantes escreveu em tempos: "Onde há música, não pode haver maldade".

No entanto, se estivesse vivo hoje em dia poderia sentir a necessidade de rever essa afirmação ao ouvir esta canção em particular.

Quando muitos pensavam que o antigo presidente dos EUA já tinha sido consignado à História eis que regressa para mais um ato bizarro que deixará muitos perplexos.

Donald Trump acaba de se estrear nas lides musicais, pelo menos tecnicamente, publicando o primeiro single.

De facto, o novo single foi gravado por um coro de indivíduos que estão na prisão pela participação no ataque ao Capitólio a 6 de Janeiro de 2021. O registo contém uma gravação do antigo presidente como "música de fundo".

A canção, "Justice for All" de Donald J Trump e o Coro da Prisão J6 está agora disponível em plataformas de streaming incluindo Spotify, Apple Music e YouTube.A canção éconta com os indivíduos encarcerados - que se apresentam como o "Coro da Prisão J6" - cantando o hino norte-americano "The Star-Spangled Banner", com Trump em fundo a recitar o Juramento de Fidelidade à bandeira norte-americana.

Ouça-o aqui, se tem curiosidade:

Para aqueles que optaram por manter a sanidade mental e valorizam a saúde auditiva, não vos falta muito. 

São apenas 2 minutos e 21 segundos de posturas "patrióticas" intercaladas por uma voz que só uma mãe poderia amar, seguidos de mais cânticos de "U-S-A! U-S-A! U-S-A!"!

Dificilmente um sucesso à escala nacional...

A Forbes, a primeira publicação a anunciar esta produção, disse que foi "produzida por um grande artista musical não identificado".

A publicação adiantou ainda que o single de caridade de Trump se destinava a angariar dinheiro para as famílias dos detidos, e que o projeto não iria "beneficiar famílias de pessoas que agrediram um agente da polícia".

Citando "uma pessoa com conhecimento do projeto", a Forbes disse que o coro era composto por cerca de 20 reclusos da prisão situada em Washington DC e que foram gravados por telefone a partir da própria cadeia.

Alguns dos que foram auditivamente agredidos recorreram às redes sociais para expressarem repulsa.

Robert Maguire, diretor de investigação da organização Cidadãos pela Responsabilidade e Ética em Washington, disse: "Nunca me senti tanta repulsa por uma canção cantada por um presidente que tentou fazer um golpe de estado e um "coro" literal de insurreicionistas que o tentaram ajudar".

Trump expressou por várias vezes simpatia para com os encarcerados pelos atos cometidos a 6 de Janeiro, e declarou que aqueles que levaram a cabo a insurreição são perseguidos pelo Estado. 

Antes de anunciar a sua terceira campanha presidencial em Novembro disse que, se fosse re-eleito, consideraria conceder perdões totais para os desordeiros.

O motim do Capitólio resultou em nove mortes. Mais de mil pessoas foram acusadas de envolvimento e cerca de 500 declararam-se culpadas.

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