Se a tecno berlinense pode entrar para a lista de património cultural da UNESCO, a French Touch também pode...
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu que a música eletrónica francesa – também conhecida como French Touch – seja reconhecida como património cultural da UNESCO, como já acontece com a música de harpa irlandesa, o reggae jamaicano e a rumba cubana.
A lista de património cultural imaterial permite aos estados signatários da Convenção da UNESCO registar “práticas, representações, expressões, conhecimentos e competências que as comunidades reconhecem como parte do património cultural”.
E se isto não faz lembrar os Daft Punk, não sabemos o que mais nos faz lembrar.
Um dos mais recentes acréscimos à lista encantou os fãs da rave. Por iniciativa de uma associação, a Alemanha acrescentou o tecno de Berlim à lista alemã de património imaterial em 2023 como “uma forma de música eletrónica que deixou a sua marca em grandes partes da cidade desde meados da década de 1980”.
E Macron não quer que França fique para trás. Em entrevista à rádio francesa Fréquence Gaie (FG), o presidente defendeu que música eletrónica francesa tem o mesmo estatuto cultural que a tecno berlinense.
"Nós também vamos fazer isso", disse Macron. "Adoro a Alemanha, vocês sabem o quão pró-europeu sou. Mas não precisamos de aprender com ninguém. Somos os inventores do electro. Temos aquele toque francês (French Touch)."
A French Touch obteve um enorme sucesso no panorama internacional, ajudando a consolidar o género.
Definido principalmente pela sua localização geográfica, em oposição a um som específico, a música de dança eletrónica (EDM) europeia dos anos 90 - liderada por nomes como Daft Punk, Étienne de Crécy, Bob Sinclair, AIR, Cassius e muitos outros - abrangia vários géneros – desde o house, dance, electro, disco old school ao jazz - e muitos samples gloriosos.
Desde as primeiras faixas de Thomas Bangalter, dos Daft Punk, para a sua editora Roulé – alguns dos primeiros exemplos da French Touch – até às mais recentes produções dos M83, dos Phoenix e dos Justice, a popularidade do som gaulês diminuiu um pouco desde os anos 90 e início dos anos 2000, mas ainda fervilha de forma cativante.
Através do Ministério da Cultura, França já conseguiu incluir uma série de práticas culturais na lista da UNESCO, incluindo a baguete em 2022, bem como os perfumes de Grasse, a música gwoka de Guadalupe e o canto maloya da Reunião.
Se a French Touch for adicionada à lista, esperamos ter sorte e que os Daft Punk saiam da reforma para celebrar este momento histórico. Mais uma vez, s'il vous plait.