"Hitler's DNA: Blueprint of a Dictator" vai para o ar este fim de semana nos ecrãs do Reino Unido e, aparentemente, justifica uma famosa canção britânica da Segunda Guerra Mundial que gozava com o ditador nazi.
"Hitler só tem uma bola / A outra está no Albert Hall / A sua mãe, a porca / Cortou-a quando Hitler era pequeno".
Assim diz a cantiga britânica da Segunda Guerra Mundial, cantada ao som da "Colonel Bogey March". Agora, um novo documentário que vai para o ar nos ecrãs do Reino Unido este fim de semana parece dar à canção uma força extra.
O documentário produzido pelo Channel 4, Hitler's DNA: Blueprint of a Dictator ", do Channel 4, apresenta a especialista em ADN Turi King, que analisou amostras extraídas de uma mancha de sangue encontrada no tecido do sofá onde Hitler se suicidou.
Não tendo sido possível obter novas amostras de ADN de nenhum dos familiares sobreviventes de Hitler na Áustria e nos EUA, as amostras foram comparadas com a amostra de ADN de um familiar da linha masculina de Hitler, previamente recolhida pelo jornalista belga Jean-Paul Mulders e pelo historiador Marc Vermeeren. O resultado foi uma correspondência perfeita no cromossoma Y e revelou que Hitler era portador de uma mutação no gene PROK2.
Esta mutação está fortemente associada à síndrome de Kallmann - uma doença genética que pode provocar um atraso na puberdade e, em alguns casos, um micropénis. A mutação também faz com que um ou ambos os testículos não se desenvolvam normalmente, o que corroboraria o rumor de que faltava um testículo ao ditador nazi.
A propósito das descobertas, King disse à BBC Radio 4: "Tenho alguns colegas maravilhosos no Instituto Pasteur que descobriram que ele tem uma deleção num gene que sabemos estar fortemente associado a uma doença conhecida como síndrome de Kallmann, que se carateriza por baixos níveis de testosterona, por um desenvolvimento anormal dos órgãos sexuais e, em 5 a 10% dos casos, por um micropénis".
Por outro lado, o documentário revela que os marcadores genéticos mostram que Hitler tinha uma propensão para o comportamento antissocial e que não era de origem judaica, desmascarando assim o mito persistente.
O pai de Hitler, Alois, era um filho ilegítimo e, devido à incerteza quanto à identidade do seu pai, cresceu a teoria da conspiração de que o avô do ditador era judeu.
Esta afirmação não comprovada foi mesmo repetida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, numa entrevista em 2022 ao programa televisivo italiano Zona Bianca.
Quando questionado sobre como é que a Rússia pode afirmar que está a lutar para "desnazificar" a Ucrânia quando o próprio presidente Volodymyr Zelenskyy é judeu, Lavrov afirmou: "Posso estar enganado, mas Hitler também tinha sangue judeu. O facto de Zelensky ser judeu não significa absolutamente nada. Os sábios judeus dizem que os antissemitas mais fervorosos são geralmente judeus".
Os comentários foram recebidos com indignação, com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Yair Lapid, a considerar as palavras de Lavrov "imperdoáveis" e o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, a declarar que os comentários de Lavrov revelavam "a forma mais baixa de racismo".
O documentário em duas partes " Hitler's DNA: O projeto de um ditador começa a ser exibido no Channel 4 a 15 de novembro.