Ator de mais de 250 filmes, com papéis marcantes em «Suspiria», «My Own Private Idaho» e em filmes de Lars von Trier, morre aos 81 anos
O ator alemão Udo Kier, que trabalhou com Andy Warhol, Gus Van Sant, Werner Herzog, Dario Argento e Rainer Werner Fassbinder, morreu aos 81 anos.
O seu companheiro, o artista Delbert McBride, anunciou que Kier morreu num hospital em Palm Springs, Califórnia, na manhã de domingo. Não foi avançada a causa da morte.
Conhecido pelo olhar penetrante e por papéis de vilão memoráveis, Kier deixa uma obra vasta, com mais de 250 filmes, que lhe valeu a reputação de um dos principais atores de composição do cinema europeu.
Kier nasceu em Colónia, Alemanha, em 1944, num hospital que foi bombardeado pelas forças aliadas momentos após o seu nascimento. Segundo relatos, ele e a mãe foram retirados dos escombros.
Mudou-se para Londres, Inglaterra, aos 18 anos, onde foi descoberto. O papel de revelação surgiu no filme de terror de 1970 Mark of the Devil. Seguiram-se vários títulos do género, incluindo a sua interpretação memorável como Barão von Frankenstein em Flesh for Frankenstein (1973) e como Conde Drácula em Blood For Dracula (1974), ambos realizados por Paul Morrissey e produzidos por Warhol.
Passou a trabalhar de perto com o amigo Fassbinder, que conheceu aos 16 anos, e participou nos seus filmes The Stationmaster’s Wife, Lola, The Third Generation e Lili Marleen, bem como na celebrada minissérie Berlin Alexanderplatz.
Entre as interpretações mais conhecidas contam-se clássicos dos anos 70 como Suspiria, Story of O e The Fifth Commandment. A parceria com o realizador Lars von Trier deu origem a uma colaboração duradoura, com papéis em Epidemic, Europa, The Kingdom, Breaking the Waves, Dancer in the Dark, Dogville, Melancholia e Nymphomaniac: Vol. II.
Foi Gus Van Sant quem lhe ofereceu o primeiro papel americano, no filme de 1991 My Own Private Idaho. Outros papéis de relevo no cinema norte-americano incluem Johnny Mnemonic, Armageddon, End of Days, Blade e Downsizing.
Madonna gostou tanto da sua interpretação de Hans em My Own Private Idaho que escolheu Kier para representar o seu marido no livro de 1992 "Sex", seguindo-se participações nos seus vídeos musicais para "Erotica" e "Deeper and Deeper". Surgiu também em vídeos de Goo Goo Dolls, Supertramp, Korn e Eve.
O último filme de Kier foi o thriller político neo-noir The Secret Agent, de Kleber Mendonça Filho, favorito em Cannes este ano, no qual interpretou um sobrevivente judeu do Holocausto. O filme valeu ao protagonista Wagner Moura a Palma de Melhor Ator.
Sobre a sua carreira prolífica, Kier disse uma vez: "100 filmes são maus, 50 filmes veem-se com um copo de vinho e 50 filmes são bons".
Descanse em paz, Udo Kier 1944 - 2025