Projetos inovadores tentam colmatar a lacuna entre o mundo académico e a indústria nos vários setores da economia azul
A ilha de Frøya, no meio da Noruega, tem algumas das melhores condições do mundo para o cultivo de salmão.
É também a localização da Guri Kunna - uma escola pioneira que ensina, há várias décadas, jovens a partir dos 16 anos a trabalhar na piscicultura.
Centenas de raparigas e rapazes aprendem aí tudo o que um piscicultor precisa de saber, incluindo como pilotar um barco e tratar dos peixes numa exploração de salmão - a curta distância por mar da escola.
O sucesso do programa inspirou o BRIDGES, um projecto financiado pela Europa que melhora a colaboração entre escolas e indústria para impulsionar o desenvolvimento de competências no sector da aquicultura em quatro países nórdicos.
As salas e os laboratórios da escola estão situados mesmo ao lado de empresas, num único pólo de aquicultura.
Um facto que ajuda os professores a manter o programa em sintonia com as necessidades reais do mercado de trabalho.
A aquicultura é essencial para o Pacto Ecológico Europeu, impulsionando economias costeiras e fornecendo produtos sustentáveis. Os profissionais qualificados são a chave para que isso aconteça.
O exemplo português da logística marítima
A logística marítima é outra área em que a indústria e o meio académico podem colaborar melhor.
Os portos europeus, como por exemplo em Lisboa, criam 2,5 milhões de postos de trabalho, mas muitos trabalhadores têm dificuldade em acompanhar a rápida evolução do sector.
Nem todos os engenheiros e gestores de logística possuem as competências informáticas e de comunicação necessárias para o mercado actual.
Gestor de uma grande empresa de navegação portuguesa, Guilherme Gomes está a frequentar um novo curso de mestrado desenvolvido por um projecto apoiado pela União Europeia, o MarLEM.
O projecto propõe melhorar ou requalificar os profissionais activos, reunindo indústria, escolas e administração.
Os especialistas prevêem uma procura crescente de profissionais altamente qualificados e especializados na economia azul da Europa.
Na Grécia aposta-se no "mergulho científico"
As competências azuis podem criar novas oportunidades mesmo em áreas que podem não parecer relacionadas - como a arqueologia, geologia e outras ciências com um interesse crescente nos espaços subaquáticos. Mas o trabalho subaquático requer uma certificação e equipamento dispendiosos.
A Universidade de Tessalónica, na Grécia, coordena um projecto com o objectivo de tornar o mergulho científico mais acessível.
A falta de uma norma europeia comum para o "mergulho científico" dificulta o trabalho de muitos cientistas no estrangeiro, apesar de partilharem competências semelhantes.
O projecto ScienceDIVER está a desenvolver uma norma de formação universal, para facilitar a colaboração científica a nível internacional.
Os cursos de formação, em três países da União Europeia, não só abrem novas oportunidades de carreira para as pessoas interessadas no mergulho científico, mas também atraem mais mentes qualificadas para o estudo e a protecção dos oceanos.
Para os que têm as qualificações adequadas, a economia azul da Europa pode representar um vasto mar de perspetivas de carreira por explorar.