Boicote político ao Mundial na Rússia ainda é possível?

Os ânimos já estão ao rubro entre os fãs do Campeonato Mundial de Futebol, que decorre na Rússia, mas alguns membros do Parlamento Europeu pensam que ainda se vai a tempo de fazer um boicote político em protesto contra o regime autoritário do presidente Vladimir Putin.
Rebecca Harms, eurodeputada ecologista alemã, recolheu apenas 60 assinaturas na sua petição entre os 751 membros do hemiciclo, mas insiste que "Putin está a atacar fortemente o Ocidente, os valores do Ocidente".
"Putin pagou para que o Campeonato do Mundo fosse na Rússia. Há muita corrupção oculta por trás disto. Penso que os políticos ocidentais não devem legitimar Putin neste seu golpe com o Campeonato do Mundo", acrescentou, em entrevista à euronews.
Um boicote deste tipo até já tem um precedente: em 1980, os Jogos Olímpicos de Moscovo foram boicotados por vários países por causa da invasão do Afeganistão pelo regime soviético, um ano antes.
"Os nossos representantes não devem ir à Rússia e tirar fotografias e selfies descontraídas com Putin porque esse é, de facto, um sinal de aceitação. Os democratas na Rússia, aqueles que lutam pela democracia, também dizem que isso reforçará Putin", disse, à euronews, Róża von Thun und Hohenstein, eurodeputada polaca do centro-direita e uma das signatárias da petição.
Os peticionários recordam que a Rússia ocupou território da Ucrânia e que é suspeita de ter abatido um avião civil que sobrevoava esse país. Para não falar da alegada manipulação de eleições estrangeiras e do papel na guerra da Síria.
"O desporto deve unir as pessoas, e espero que as una, mas isso não significa que deve estar ao serviço de um regime politico como o de Putin, permitindo dar-lhe uma melhor imagem. Um boicote diplomático seria um sinal muito claro de que nós, sociedades democráticas da União Europeia, não aceitamos o regime autoritário na Rússia", referiu, ainda, Róża von Thun und Hohenstein.