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Acordo sobre migrantes: "os países não confiam uns nos outros"

Acordo sobre migrantes: "os países não confiam uns nos outros"
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"A cimeira europeia no final de junho levou a um compromisso muito superficial e há muitas questões sobre a implementação do acordo", afirma um especialista em políticas migratórias da UE.

Sob pressão dos aliados conservadores da Baviera, a Alemanha reforça as leis de controlo da imigração e facilita a repatriação dos requerentes de asilo. A euronews entrevistou Raphael Bossong, investigador do Instituto Alemão para a Segurança e Assuntos Internacionais e especialista em políticas migratórias na Europa.

euronews: "Algumas regiões alemãs, à semelhança da Baviera, poderão endurecer a política migratória, com a criação de centros de asilo e o reforço policial. Tem conhecimento dessa informação?"

Raphael Bossong: "É uma questão complexa. A Alemanha tem dezasseis estados que são diferentes uns dos outros. Alguns estados são governados por conservadores e estão próximos da posição da Baviera, sobretudo no Leste, na Saxónia, e na Alta Saxónia. Mas, a realidade é mais vasta. Algumas regiões seguem essa direção mas não é uma tendência uniforme. Podemos dar como exemplo, o novo plano sobre as migrações do ministro do interior da CSU: a criação dos centros de trânsito para deportar os migrantes. Até agora apenas 12 dos 16 estados aderiram ao plano".

euronews: "Em breve, há eleições regionais na Baviera e por isso a CSU defendeu uma política migratória mais restritiva. Têm medo que o AFD, o partido de extrema-direita ganhe as eleições. Esse partido continua a progredir a nível nacional? Houve uma progressão há uns anos e agora como estão as coisas tendo em conta a questão das migrações".

Raphael Bossong: "Infelizmente, o AFD mantém uma posição de força e progrediu nas sondagens eleitorais. Dependendo do inquérito, o avanço varia entre 15 e 20%. É um número importante, talvez não tanto se o compararmos com outros países europeus, como a Holanda e a Áustria, e outros, mas, há um potencial de crescimento".

euronews: "O que a a Alemanha está a fazer, em particular a Baviera, em relação aos imigrantes não é muito diferentes do que é feito por outros países europeus. O que é impressionante é que os países fazem-no individualmente. Houve o acordo europeu de junho mas quando se trata de imigração, o interesse nacional é mais forte".

Raphael Bossong: "A cimeira europeia no final de junho levou a um compromisso muito superficial e há muitas questões sobre a implementação do acordo. O problema de base é que os países não confiam uns nos outros em relação aos compromissos assumidos e, por isso, o compromisso é visto como um documento escrito que não vai ser posto em prática. Por isso, existe de facto a tentação por parte dos países de avançarem sozinhos, o que acaba por dar razão a países como a Hungria que defendem essa abordagem há muito tempo. Espero que a UE saia desse impasse, mas, existe de facto a tentação de dizer que primeiro é preciso controlar as fronteiras e reforçar as leis anti-imigração para tornar o país num destino migratório menos atrativo".

euronews: "Em relação ao acordo europeu de junho, pensa que há aspetos que poderão funcionar?"

Raphael Bossong: "Há duas propostas principais, a primeira é a criação de centros externos nos países vizinhos da União Europeia. Não penso que vá acontecer, nenhum país vizinho estará disposto a fazê-lo. A outra é a criação de um novo sistema para redistribuir os barcos de imigrantes que chegam aos países europeus. É um projeto defendido pela Itália. Isso poderá ser posto em prática muito em breve. A Comissão Europeia apresentou uma proposta e agora é preciso uma coligação de cinco ou seis estados membros para fazer esse trabalho de forma voluntária. Espero que essa vontade política seja posta em prática rapidamente para evitar a próxima grande crise no outono. É um passo essencial."

euronews: "Há aspetos que podem e deveriam ser decididos ao nível da União Europeia?"

Raphael Bossong: "Sim. Devemos aproveitar o verão para conseguir uma coligação de pelo menos cinco ou seis países que aceitem esses imigrantes - e já não há muitos - que chegam de barco a Itália, à Grécia ou a Espanha para que eles possam ser distribuídos de uma forma diferente do que foi feito no passado".

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