UE dividida no pacote sobre transporte rodoviário de mercadorias

Nova legislação sobre as empresas de transporte rodoviário de mercadorias está a dividir a União Europeia. No leste europeu, os operadores e políticos dizem que subir os salários dos motoristas vai tirar do mercado os países com menor capacidade económica.
Já em França, Alemanha ou Bélgica, argumenta-se que o "dumping social" é que leva à perda de competitividade nos países que pagam mais aos seus trabalhadores.
"Um motorista belga é visto como caro na própria Bélgica, com as empresas a tentarem contratar polacos, checos, romenos, húngaros. Fica mais barato porque vêm trabalhar para a Bélgica com contratos feitos na Hungria, Roménia ou na República Checa. Isso é um grande problema", disse, à euronews, Edgard Schroyens, motorista de camião belga.
O pacote da mobilidade, sobre transporte rodoviário de mercadorias, está em discussão no Parlamento Europeu, que analisa varias dezenas de propostas de alteração. A legislação deverá ser votada na quinta-feira.
"Atualmente, os trabalhadores no leste têm condições de trabalho, regras de repouso e salários muito mais baixos do que os motoristas nos países ocidentais. Assim, a leste há maior competitividade, conquistando maior fatia do mercado europeu de transporte internacional", argumentou Dominique Riquet, eurodeputado liberal francês.
"Diga-me como é que um motorista francês poderia viver com os salários pagos a colegas romenos, búlgaros ou gregos? É uma desculpa dizer que estão a lutar por direitos sociais. É uma batalha de capitalistas, não em nome dos trabalhadores, mas para afastar os países do leste e do sul do mercado. Estamos sempre a acusar os chineses, mas na União Europeia os países ocidentais querem fazer o mesmo com os países da Europa central e de leste", disse, por outro ldo, Peter Kouroumbashev, eurodeputado de centro-esquerda búlgaro.