Empresários de leste combatem reforma do transporte rodoviário

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De  Isabel Marques da SilvaSandor Sziros
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Os empresários do bloco de leste são os mais críticos, já que aplicavam regras mais flexíveis e salários mais baixos, acusando o executivo europeu de sucumbir ao lóbi que opera a partir dos países mais ricos, tais como França e a Alemanha.

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Há uma semana que entrou em vigor o denominado pacote europeu da mobilidade, nova legislação da União Europeia para melhorar as condições de trabalho dos motoristas dos transportes rodoviários de mercadorias e combater a distorção da concorrência e as práticas ilegais no setor.

Com a reforma, os motoristas deixaram de poder dormir nos parques de estacionamentos e de estarem longos períodos sem regressar a casa, o que é saudado por um trabalhador belga do setor, Roger Deville: "Penso que não era um bom modo de vida para um ser humano ficar a dormir no parque estacionamento".

As novas regras ditam o regresso à empresa a cada três ou quatro semanas, e as pausas de fim-de-semana, que podem chegar as 45 horas, não podem ser passadas no interior dos camiões, devendo os motoristas ficarem alojados numa unidade hoteleira para repousarem.

“Penso que as novas regras são muito boas e que muitos profissionais estavam à espera delas. Vai ajudar a ter uma concorrência mais leal entre as empresas, vai trazer calma a operadores de alguns países que não estavam a atuar como deveriam, vai até ajudar os motoristas a ganharem mais dinheiro", acrescentou Roger Deville.

Pedido de moratória e queixa em tribunal

Já István Galambos, proprietário de uma empresa de transporte rodoviário húngara, diz que não há hotéis e vagas de estacionamento suficientes: “Acho que a União Europeia se apressou demasiado neste tema e seria bom criar uma moratória porque faltam as condições materiais. Por vezes, o motorista deveria deixar o camião a carregar e apanhar um táxi para um hotel a 20 km de distância. Mas muitas vezes não há vagas para estacionamento do camião nem quartos nos hotéis em vários locais".

Os empresários do bloco de leste são os mais críticos, já que aplicavam regras mais flexíveis e salários mais baixos, acusando o executivo europeu de sucumbir ao lóbi que opera a partir dos países mais ricos, tais como França e a Alemanha.

"É minha convicção que estão em causa medidas protecionistas do mercado disfarçadas de medidas sociais e que têm como alvo os Estados-membros do bloco de leste e outros que entraram no bloco desde 2004", afirmou István Galambos.

O governo da Lituânia está a preparar uma queixa para apresentar no Tribunal de Justiça da União Europeia.

Roberto Parillo, especialista da Federação Europeia de Transporte que esteve envolvido na reforma, nega que seja criada discriminação adicional, realçando que "foi votada favoravelmente por vários países da Europa Central. Isso prova que esta legislação é equilibrada. Devemos garantir que todas as empresas têm as mesmas oportunidades a nível de concorrência no mercado. ”

Para combater a fraude serão utilizados tacógrafos para registar as passagens transfronteiriças.

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