Polémica reforma do transporte rodoviário na reta final

Polémica reforma do transporte rodoviário na reta final
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De  Isabel Marques da SilvaBryan Carter
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O governo francês é dos que mais tem pressionado para fazer a harmonização, mas para outros Estados-membros a reforma é um ataque contra o mercado único que pode ter um impacto negativo considerável.l

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Patrick Ranocha, motorista de pesados belga que percorre as estradas da União Europeia há 20 anos, disse a euronews que, nos últimos tempos, as condições gerais de trabalho do setor do transporte rodoviário de mercadorias pioraram. A concorrência desleal faz-se sentir dentro do próprio bloco comunitário, onde as regras divergem.

"Está a ficar cada vez mais difícil, com muitoss camiões, especialmente da Europa de leste. Não temos tanto trabalho como antes", disse o funcionário de uma pequena empresa, com duas dezenas de camiões, sediada nos arredores de Bruxelas.

O alargamento da União a dez países de leste, em 2004, também é visto como um problema pelo gestor da empresa, Alain Adriaens: "Os motoristas vindos principalmente da Europa de leste são uma força de trabalho mais barata e criaram uma concorrência desleal com os transportadores estabelecidos na Bélgica".

O salário de um motorista belga é, em média, de 3500 euros brutos por mês. Nalguns países da Europa de leste, esse valor, excluindo subsídios de viagem, pode ser cinco vezes menor.

Reforma arrasta-se há três anos com inetnso debate

Muitos dos motoristas de leste fazem do camião "a casa" durante as viagens, mas essa situação pode mudar em breve.

O Parlamento Europeu vai votar, esta semana, uma grande reforma do setor de transporte rodoviário de mercadorias, denominado Pacote de Mobilidade, que tem sido objeto de intenso debate desde 2017 e é um dos sinais da divisão este-oeste na União.

"O Pacote de Mobilidade criou muitas tensões, com duas fações claras. Por um lado, há Estados-membros e eurodeputados que pressionam no sentido de uma harmonização social muito forte. Por outro lado, há Estados-membros e eurodeputados que defendem maior liberalização das regras", explicou Karima Delli, eurodeputada ecologista francesa que preside à Comissão dos Transportes do Parlamento Europeu.

Se as novas regras forem adotadas, os salários deverão ser pagos de acordo com a média praticada no país onde os camiões circulam, os motoristas não poderão dormir no camião e devem regressar ao país de origem a cada quatro semanas.

As empresas deve fazer um relatório claro sobre em que países atuam e os camiões devem regressar à sede a cada oito semanas.

O governo francês é dos que mais tem pressionado para fazer a harmonização, mas para outros Estados-membros a reforma é um ataque contra o mercado único que pode ter um impacto negativo considerável.

"O setor de transportes de mercadorias representa cerca de 6% do PIB da Polónia pelo que o impacto será óbvio. Mas além de afetar a economia polaca, também terá impacto na economia europeia, porque o transporte em geral ficará mais caro", disse Kosma Zlotowski, eurodeputado conservador polaco.

Se a reforma for adotada, deverá entrar em vigor nos próximos 18 meses.

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