Liberdade de imprensa cada vez mais ameaçada na Europa

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De  Isabel Marques da Silva
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Liberdade de imprensa cada vez mais ameaçada na Europa

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Os riscos envolvidos na prática do jornalismo professional são recordados a cada 3 de maio, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, decretado pela ONU, em 1993.

O papel da imprensa na defesa dos valores democráticos é o tema de uma conferência em Adis Abeba, capital na Etiópia.

"Debatemos o papel do jornalismo nas eleições, nesta era da desinformação, com notícias falsas que minam os valores fundamentais da democracia. Notícias que violam o direito dos cidadãos de receberem informação com base em fontes credíveis e verificadas", disse, à euronews, Marilù Mastrogiovanni, jornalista de investigação italiana que está sob proteção policial.

O mais recente relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras revelou que a situação na União Europeia se tem vindo a agravar, em paralelo com a ascensão de governos de pendor autoritário.

Entre os 28 Estados-membros, Malta, Hungria e Bulgária ocupam os últimos lugares em termos de liberdade de imprensa.

Entre os piores está, também, a Eslováquia, onde foi assassinado o jornalista Ján Kuciak, em 2018.

No caso de Itália, o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini questionou a necessidade de proteger Roberto Saviano, ameaçado pela máfia, depois do jornalista e escritor o ter criticado.

"Caça às bruxas contra os jornalistas"

“Os Repórteres sem Fronteiras dizem que a Europa é continente menos mau, mas todos os indicadores têm vindo a piorar e a situação é catastrófica em termos de violência verbal. Há quase uma caça às bruxas contra os jornalistas, demonizando-os, chamando-os de traidores e inimigos", afirmou William Horsley, membro da Associação dos Jornalistas Europeus.

Há menos de seis meses, a Comissão Europeia lançou um "Plano de Ação contra a Desinformação".

"Temos reiterado em várias ocasiões como é sagrado o trabalho dos jornalistas em termos de contribuição para a democracia. Também condenamos, nos mais fortes termos, os assassinatos de jornalistas em Malta e Eslováquia e instamos as autoridades nacionais a investigar todos estes casos", disse Mina Andreeva, porta-voz do executivo europeu.

Um dos filhos da jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia, assassinada em 2017, considera que não há suficiente investimento em cooperação judicial na União Europeia.

"Os jornalistas trabalharam duramente nas suas investigações, que podem demorar anos, e serem feitas em colaboração com colegas de outros países, em muitas línguas. Quando analisamos o modo de operação das forças policiais dos vários países da União Europeia, percebemos como é antiquado. São péssimos, ineficazes na troca de informações. Organizações como a Europol revelaram-se, de facto, ineficazes no combate ao crime transfronteiriço", explicou Matthew Caruana Galizia, em contacto telefónico com a euronews.

Além da violência verbal e física, os jornalistas estão sob crescente perseguição judicial em quase todo o mundo e mais de 250 jornalistas estão presos por causa do exercício da profissão.

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