Candidatos "simulam" listas transnacionais
Um dos políticos gregos mais conhecidos é candidato às eleições europeias, mas não pela Grécia. O ex-ministro das Finanças Yannis Varoufakis, de esquerda radical, apresenta-se numa lista pela Alemanha, no partido Diem 25.
A ideia é desafiar o tabu de que não pode haver listas transnacionais, com candidatos originários de diferentes Estados-membros.
Outro caso é o do ex-governante socialista italiano Sadro Gozi que se juntou à lista do partido francês de centro, La Republique en Marche.
“Não podemos ter uma real democracia europeia se não tivermos movimentos políticos transnacionais europeus. Somos seis cidadãos europeus sem a nacionalidade francesa que estão numa lista em França para encarnar a ideia de uma política sem fronteiras”, disse, à euronews, Sandro Gozi.
Por seu lado, o francês Nicolas Barnier, filho de Michel Barnier, que lidera as negociações do Brexit em nome da União Europeia, concorre numa lista na Bélgica. O jovem político aceitou o convite do primeiro-ministro liberal Charles Michel. Mas o desafio, agora, é convencer os eleitores belgas, que mal o conhecem.
“Claro que continuo a ser francês, mas penso que podemos ser, ao mesmo tempo, patriotas e europeus, não são dois conceitos incompatíveis. Também não devemos esquecer que as eleições europeias são feitas com base em listas políticas, em que as pessoas votam por um determinado projeto e não numa pessoa. Em relação ao meu apelido: eu sou eu e o meu pai é o meu pai, com total independência”, explicou, à euronews, Nicolas Bernier.
Uma questão simbólica
Apesar do Conselho Europeu ter recusado, formalmente, este sistema para as eleições de 2019, há pelo menos duas dezenas de candidatos nessa situação.
Uma delas já ocupou uma pasta na Comissão Europeia: a liberal holandesa Nellie Kroes, que se apresenta numa lista na Bélgica.
Nos mais de 700 eurodeputados haverá poucos a serem eleitos desta forma, sendo por agora uma questão simbólica, segundo um analista.
“Os candidatos que não são nacionais do país em que concorrem raramente estão em posição suficientemente alta na lista para serem eleitos. O número de eurodeputados que obtiveram um mandato nestas condições é tão residual que não dá para perceber qual é a diferenciação, qual é o valor adicional que trazem para o trabalho parlamentar", afirmou, à euronews, Eric Maurice, analista político na Fundação Robert Schuman.
Estes candidatos são normalmente de forças políticas que defendem maior integração europeia, um modelo mais federalista, como é o caso do Presidente francês, Emmanuel Macron.
Uma tendência que foi posta em causa com o Brexit e a ascensão de forcas populistas, mas que poderá voltar a testar o sistema em 2024.