Os governos da Hungria e a Polónia têm, repetidamente, criticado as tentativas de criar esta ferramenta porque ambos já estão sob procedimentos na União Europeia
O Parlamento Europeu e o Conselho Europeu chegaram a acordo, quarta-feira, sobre um novo mecanismo para condicionar a distribuição de fundos europeus ao respeito pelo Estado de direito.
Os eurodeputados estavam a discutir, há semanas, com os representantes dos 27 Estados-membros sobre como aplicar esta nova condicionalidade ao orçamento da União Europeia para 2021-2027.
As verbas poderão ser congeladas se os governos violarem os princípios democráticos fundamentais, disse um dos negociadores pelo Parlamento Europeu, Petri Sarvamaa, eurodeputado finlandês do centro-direita.
"Este mecanismo é um instrumento muito complexo, mas em termos de conteúdo conseguimos tudo aquilo que vínhamos exigindo. Estão incluídos os valores essenciais, tem um âmbito alargado, é de natureza preventiva e não se aplica apenas a problemas do passado ao nível de riscos para a independência do sistema judicial", disse em entrevista à euronews.
"A Comissão Europeia terá uma ferramenta eficaz para usar. O Conselho Europeu acabou por ceder muito e isso prova que realmente queria muito chegar a acordo neste tema", acrescentou.
Críticas da Hungria e Polónia
Os governos da Hungria e a Polónia têm, repetidamente, criticado as tentativas de criar esta condicionalidade porque os dois Estados-membros já estão sob procedimentos por infração dos valores da União Europeia.
A ministra da Justiça da Hungria, Judit Varga, disse, via Twitter, que o Parlamento Europeu é "parte do problema e não da solução".
Os governos destes dois países ameaçam vetar o orçamento quando acabarem as negociações com o Parlamento, alegando que se trata de pressões ideológicas contra países que recusam um modelo mais liberal em favor de um mais conservador.
Outros países dizem que não pode continuar impune a deriva autoritária com pressões sobre juízes, comunicação social e entidades da sociedade civil.
Mas face à recessão causada pela pandemia, aumenta a urgência para aprovar o orçamento de quase dois biliões de euros para os próximos sete anos.