Greve de pessoal de bordo da Brussels Airlines em Bruxelas

Madrid, Gotemburgo ou Telavive. Esta segunda-feira, quem pensava descolar com a Brussels Airlines rumo a estes ou outros destinos, a partir do aeroporto de Bruxelas, ficou em terra.
O pessoal de bordo da companhia aérea iniciou uma greve de 24 horas, às 05h00.
Denunciam pressão laboral, sobrecarga e o desrespeito por várias convenções coletivas de trabalho.
Foram anulados mais de 50 voos em 116 previstos.
"Esta empresa aposta estruturalmente na boa vontade dos colaboradores e isso não é saudável", denunciou, em entrevista à Euronews, Bert Aerts, comandante da Brussels Airlines.
"É física e mentalmente difícil, porque temos tarefas longas, com menos descanso. Quando dizemos que estamos cansados, eles não reagem, apenas continuamos indefinidamente", acrescentou Claudia de Crosner, assistente de bordo.
Os passageiros foram informados da manutenção ou anulação dos respetivos voos. No caso do cancelamento, foram propostas alternativas, através de outras companhias aéreas do grupo Lufthansa, ao qual pertence a Brussels Airlines.
À falta de uma alternativa, os passageiros foram reembolsados.
Apesar de lamentarem a data escolhida para a greve, em plena contagem decrescente para o Natal, tripulantes de cabine e pilotos falam num mal necessário.
Esperam precipitar um debate sobre o verdadeiro custo e impacto dos voos baratos.
"O mercado não quer pagar o dinheiro, então são os trabalhadores da indústria do transporte que estão a pagar com o suor do trabalho", sublinhou Bert Aerts, comandante.
Braço-de-ferro com os funcionários
Asfixiada com o impacto da pandemia de Covid-19, a Brussels Airlines disse à Euronews que lamenta os efeitos da greve e que está pronta para um "diálogo construtivo" com os funcionários.
Para amanhã está previsto um encontro entre elementos da direção da empresa e representantes dos pilotos.
Na quarta-feira, há uma reunião com representantes da tripulação de cabine.
A greve custou à companhia aérea 700 mil euros em compensações e apoio, a somar aos danos na reputação da empresa.
A paralisação foi anunciada na semana passada, na quarta-feira.
No dia seguinte, a administração da companhia aérea notificou formalmente os sindicatos para anular a convocação à greve, ameaçando responsabilizá-los pelo peso do impacto financeiro do cancelamento dos voos.
Revoltados, os sindicatos falaram "numa declaração de guerra", numa violação do direito à greve e não cederam.