Quando se aproxima o marco sombrio de dois anos desde a invasão russa, os ucranianos temem que o apoio da UE e dos EUA possa diminuir. A Euronews falou com alguns habitantes de Irpin e Bucha, que contaram como a guerra dividiu famílias.
A propaganda russa e questões de política interna nos países ocidentais poderão ter impacto na determinação em manter ajuda financeira e militar à Ucrânia quando a linha da frente se mantém inalterada há meses.
A Euronews visitou as cidades de Irpin e Bucha, que sofrem alguns dos ataques mais brutais do exército russo, e a população mantém a confiança de que se pode ganhar a guerra. Lamentam que a invasão russa tenha não só destruído o país e causado muitas mortes, mas também cortado os laços entre muitas famílias.
"Não pensámos que a Rússia pudesse invadir-nos. Porque muitos dos meus familiares vivem na Rússia, a tia do meu marido e os seus filhos vivem na Rússia. E agora não falamos com eles, não comunicamos, porque não acreditam em nós quando dizemos que estamos a ser bombardeados e que lutamos pela nossa liberdade", contou Yuliia Kanivska.
"O meu marido enviou-lhes algumas fotografias de casas destruídas dizendo que 'esta é a nossa vida'. E eles responderam: 'Oh, não é assim tão perigoso, está tudo bem'", acrescentou.
Questionada sobre se acredita no apoio ocidental a longo prazo, Yuliia Kanivska disse que espera que se mantenha porque "lutamos não só pela nossa liberdade, mas pela liberdade de todo o mundo".
Dimitry Mikoliuk, que é de Donetsk, e médico de combate também viu os laços cortados com o pai, que vive na Rússia. "O meu pai acha que a Ucrânia tem muitos nazis e que Putin está a fazer bem em ocupar a Ucrânia. Não temos qualquer conversa desde 2017 e agora é impossível", contou.
"O meu pai pintou uma letra "Z" no seu carro. É isso que ele pensa sobre esta guerra, ele está a apoiar a Rússia. Mas todo o nosso território tem de nos ser devolvido. A Crimeia, o Donbass, tudo. E depois podemos parar esta guerra", referiu.
O médico acrescentou que a guerra pode ser vganha pela Ucrânia desde que se mantenha o apoio dos aliados: "Acho que é possível, mas precisamos de mais armas, precisamos de mais veículos blindados, e depois podemos recuperar a nossa Crimeia".