Numa entrevista a um meio de comunicação finlandês, o presidente estónio Alar Karis diz que só se deve começar negociações de paz com a Rússia depois de Putin estar "de joelhos".
"Ser vizinho da Rússia significa que temos de nos preparar para o pior": Foi esta a mensagem retumbante do presidente da Estónia, Alar Karis, numa entrevista ao meio de comunicação finlandês Yle.
Karis, que cresceu durante a ocupação soviética, está convencido de que a Rússia não vai mudar - pelo menos num futuro próximo: “Não acredito em mudanças rápidas. A Rússia teve uma oportunidade no início da década de 1990, mas as coisas correram mal", disse.
Mesmo que o presidente Vladimir Putin seja destituído, Karis acredita que a mudança não será necessariamente inevitável: “É possível que tenhamos de passar por muitos mais dirigentes russos antes de começar a acontecer alguma coisa”, disse Karis.
Também é necessária pressão por parte do Ocidente para que os russos comuns se apercebam de que algo tem de mudar.
Parar a máquina de guerra russa antes das negociações sobre a Ucrânia
Ao contrário de outros políticos estónios, Karis não culpa o povo russo pela posição de poder de Putin, nem pela eclosão da guerra na Ucrânia.
A Estónia, outrora um país ocupado pela União Soviética, passou por uma provação semelhante à do povo russo: “Lembremo-nos de como nos comportámos nas garras de um regime semelhante. Sim, alguns manifestantes foram presos. Mas a maioria das pessoas disse em voz alta o que era necessário e ficou à espera da mudança", disse Karis.
Para o presidente Karis, a principal prioridade atual deve ser parar a máquina de guerra russa: “Faremos tudo o que pudermos para pôr a Rússia e Putin de joelhos. Depois podemos iniciar negociações sérias para acabar com a guerra na Ucrânia”.
A Finlândia, país vizinho da Estónia, fechou a sua fronteira oriental. Mas a fronteira entre a Estónia e a Rússia continua aberta, apesar dos incidentes ocorridos na fronteira.
Uma das razões para manter a fronteira aberta é para aqueles que têm familiares em ambos os lados.
Tropas no terreno
No que diz respeito à possibilidade de envio de tropas estónias para a Ucrânia, o Presidente Karis afirmou não estar autorizado a tomar essa decisão. “É o Parlamento que decide se deve ou não enviar tropas”, explicou. Karis afirma que Kiev não precisa de tropas ocidentais, mas sim de armas.
O Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, tem afirmado repetidamente que a aliança militar não tem intenção de enviar tropas para a Ucrânia, apesar das inúmeras declarações contraditórias feitas por políticos europeus de topo, incluindo o Presidente francês Emmanuel Macron. O Kremlin apelidou estas declarações de “perigosas”.