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Scholz apresenta moção de confiança: o que se segue para o governo alemão?

Chanceler alemão, Olaf Scholz
Chanceler alemão, Olaf Scholz Direitos de autor  Markus Schreiber/AP
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De Liv Stroud
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O chanceler alemão, Olaf Scholz, apresentou oficialmente uma moção de confiança ao parlamento, antes da votação de segunda-feira. Mas, tendo em conta a instabilidade económica no país, o que está em jogo?

A última vez que um chanceler alemão pediu um voto de confiança foi há quase 20 anos.

No entanto, a 16 de dezembro, o líder alemão, Olaf Scholz, vai pedir aos deputados do Bundestag que votem sobre se ainda o apoiam. Espera-se que Scholz perca a votação, o que levará o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, a dissolver o parlamento em menos de três semanas, abrindo caminho a eleições antecipadas já a 23 de fevereiro.

Porque é que a votação foi convocada agora?

O governo alemão entrou em colapso poucas horas depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter sido eleito pela segunda vez, com Scholz a despedir o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, numa surpreendente demonstração de emoção que esteve em destaque durante a conferência de imprensa que se seguiu.

Desde então, soube-se que o partido de Lindner planeou previamente a rutura da coligação e, apesar dos seus esforços para tentar realizar eleições antecipadas para recuperar alguma popularidade, receia-se que os liberais (FDP) não consigam atingir mais do que o limiar de 5% necessário para entrar no parlamento.

Última sondagem do governo federal

O professor de Estudos Políticos Hajo Funke afirma que, embora o FDP seja o maior prejudicado pelo facto de Scholz ter avançado com um voto de confiança, os outros partidos da coligação estão a beneficiar.

"O SPD e os Verdes, por outro lado, parecem beneficiar com o fim da coligação. O líder do SPD, Olaf Scholz, sente-se libertado com a dissolução da coligação", afirma.

"Existe um debate renovado sobre a possibilidade de um cessar-fogo na Ucrânia. Scholz vê isso como uma vantagem, especialmente porque os Verdes e a CDU apoiaram estratégias de escalada que muitos na opinião pública já não vêem como favoráveis. Em segundo lugar, temos a crise económica e as diferentes abordagens para enfrentá-la. A CDU tem hesitado em ajustar o "travão da dívida", embora os economistas defendam que a reforma é necessária. O SPD de Scholz tem uma posição mais clara sobre este assunto, em comparação com a CDU e os Verdes, que parecem divididos. Por último, as questões sociais, como o acesso à habitação (por exemplo, o limite das rendas), são agora da competência do SPD, sem a interferência do FDP", acrescenta Funke.

Mas o que está exatamente em jogo com as novas eleições?

Com a economia alemã a estagnar, com grandes empresas como a Volkswagen, a ThyssenKrupp e a Bosch a planearem a supressão de dezenas de milhares de postos de trabalho e com os mercados, incluindo o dos veículos elétricos, a deslocarem-se para a Ásia, existe o risco de a instabilidade política continuar a desencorajar a recuperação da economia.

Funke diz que os partidos políticos estão a sentir a pressão. "Dadas as graves crises nas indústrias automóvel e siderúrgica, bem como entre os fornecedores, juntamente com as perspetivas de crescimento extraordinariamente baixas em comparação com outros países, há uma pressão significativa para implementar certas medidas antes das eleições daqui a dois meses e meio".

"Políticas divisivas podem influenciar os eleitores"

"Estas medidas incluem a redução da "progressão a frio", que é vista como injusta, a resolução do problema do controlo das rendas e a garantia de financiamento para o apoio à Ucrânia, em especial no que se refere à decisão relativa aos mísseis Taurus. Todos estes pontos são muito debatidos e vão desempenhar um papel crucial antes e durante a campanha eleitoral", afirma.

Apesar de os sociais-democratas de Scholz (SPD) e os Verdes já não terem maioria, estão a fazer esforços para trabalhar em conjunto com os conservadores (CDU) relativamente a estas decisões económicas e sociais. A CDU está atualmente à frente nas sondagens.

"No entanto, a CDU encontra-se num dilema tático: se não agir, arrisca-se a parecer indiferente do ponto de vista social e económico, o que não serviria os seus interesses. Por outro lado, se não atuar agora, arrisca-se a minar a confiança dos eleitores no partido. Por isso, é provável que sejam feitos alguns compromissos", acrescenta Funke.

Qual é o resultado mais provável?

Para Funke, há dois cenários mais prováveis: uma coligação entre a CDU e os Verdes, ou entre a CDU e o SPD.

"O SPD continua a ter a esperança de obter o mesmo número de votos que a CDU, mas isso não parece provável neste momento. Estas duas são as opções de coligação mais prováveis", afirma.

"Dado o caos da atual coligação Ampel (semáforo), qualquer nova coligação, independentemente do tempo de negociação, procurará a estabilidade. A pressão para formar um governo eficaz, socialmente sensível e orientado para a paz é enorme. Esta urgência influenciará os eleitores, muitos dos quais permanecem indecisos - cerca de um terço, atualmente. No entanto, o cenário político é altamente volátil, tornando este ciclo eleitoral particularmente imprevisível."

As três questões centrais - a gestão da crise económica, a equidade social, e a guerra e a paz - vão ser os elementos-chave que vão decidir o voto.

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