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Gisèle Pelicot agradeceu a outras vítimas de violência sexual pelo apoio durante o julgamento

Gisèle Pelicot em declarações aos jornalistas após ser conhecida a sentença do marido, Dominique
Gisèle Pelicot em declarações aos jornalistas após ser conhecida a sentença do marido, Dominique Direitos de autor  Lewis Joly/AP
Direitos de autor Lewis Joly/AP
De Ema Gil Pires & Euronews
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Após o julgamento histórico, que transformou Gisèle Pelicot numa referência na luta pelos direitos das mulheres, a sobrevivente agradeceu a todos os que a apoiaram "ao longo desta provação".

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Após ter sido conhecida a sentença de Dominique Pelicot, que foi condenado a 20 anos de prisão por ter violado repetidamente a mulher ao longo de uma década, Gisèle expressou a "profunda gratidão" para com todas as pessoas que a apoiaram "ao longo desta provação".

Em declarações aos jornalistas após a condenação, no Tribunal de Avignon, a vítima dos abusos afirmou que o seu pensamento está com "todas as vítimas desconhecidas cujas histórias continuam por contar", tendo acrescentado: "Quero que saibam que partilhamos a mesma luta".

Sobre o apoio que recebeu durante o período do julgamento, que se prolongou por mais de três meses, Gisèle Pelicot notou que esse foi um elemento essencial para que conseguisse passar por todo o processo judicial.

"As vossas mensagens (testemunhos) comoveram-me profundamente e deram-me a força para voltar, todos os dias, e sobreviver a estas longas audiências diárias", apontou, em declarações à comunicação social.

Dominique Pelicot foi condenado a 20 anos de prisão por ter drogado e violado a mulher durante quase uma década. Mas também por ter convidado outros homens que conheceu na Internet para irem a sua casa e fazerem o mesmo.

No total, 51 homens foram condenados por violação ou agressão sexual no âmbito deste processo judicial. O próprio Dominique Pelicot declarou-se culpado pelos crimes praticados contra a então mulher.

O julgamento desencadeou ainda manifestações de protesto em toda a França, de condenação pelos atos de Dominique e de apoio a Gisèle - que disse esperar que, ao tornar o julgamento público, ajudaria outras mulheres a tomar uma iniciativa semelhante em casos de abuso ou violência.

Esta quinta-feira, um grupo de manifestantes reuniu-se em frente ao Tribunal de Avignon, tendo aplaudido o veredito.

A história dos acontecimentos

Gisèle Pelicot, que se julgava num "bom casamento", surpreendeu França com a sua franqueza e coragem durante o impressionante julgamento, tornando-se a reformada numa heroína feminista.

Dominique Pelicot chamou pela primeira vez a atenção da polícia em setembro de 2020, quando um segurança de um supermercado o apanhou a filmar as saias de diferentes mulheres, discretamente.

Mais tarde, a polícia revistou o seu telemóvel e encontrou uma biblioteca de imagens que documentavam anos de abusos à própria mulher - mais de 20.000 fotografias e vídeos no total, armazenados em unidades informáticas e catalogados em pastas com títulos sugestivos.

A quatidade de provas conduziu a polícia até aos outros arguidos. Nos vídeos, os investigadores contaram 72 abusadores diferentes, mas não conseguiram identificá-los a todos.

Desses, 51 homens foram acusados de serem cúmplices de Dominique Pelicot na realização das suas fantasias de violação e abuso, tanto na casa de férias do casal, na pequena cidade provençal de Mazan, como noutros locais.

Dominique Pelicot testemunhou que drogava a ex-mulher com tranquilizantes que eram colocados na comida e na bebida, deixando-a tão profundamente inconsciente que podia fazer-lhe o que quisesse durante horas.

Um dos homens foi julgado não por ter agredido Gisèle Pelicot, mas por ter drogado e violado a própria mulher com a ajuda de Dominique Pelicot, que também foi julgado por ter violado a mulher do outro homem.

O julgamento provocou ainda, no seio da sociedade francesa, um debate mais alargado sobre o consentimento. Aliás, ativistas em prol da defesa dos direitos das mulheres pedem que a definição legal de violação seja alargada de modo a incluir uma menção específica ao consentimento.

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