O governo do Azerbaijão confirmou, em exclusivo à Euronews, que um míssil terra-ar russo provocou a queda do avião em Aktau.
Um perito militar russo afirmou que o voo da Azerbaijan Airlines que se despenhou no Cazaquistão terá sido derrubado por "algo muito semelhante a um míssil antiaéreo".
O voo 8432 da Azerbaijan Airlines descolou de Baku, capital do Azerbaijão, na manhã de quarta-feira, com destino a Grozny, na Chechénia.
"O avião foi danificado por algo muito semelhante a um míssil antiaéreo. E é realmente muito, muito difícil assumir qualquer outra coisa sem provas sérias", disse o especialista militar Yan Matveyev.
"Mas, no geral, parece que a cauda do avião foi danificada por fragmentos de mísseis, provavelmente um míssil Pantsir S-1 ou um sistema antiaéreo com os mesmos pequenos mísseis que transportam uma ogiva não muito grande."
Estes comentários surgem depois de fontes governamentais do Azerbaijão terem confirmado, em exclusivo à Euronews, que um míssil terra-ar russo provocou a queda do avião em Aktau.
De acordo com as fontes, o míssil foi disparado contra o avião durante uma atividade aérea de drones sobre Grozny e os estilhaços atingiram os passageiros e a tripulação, tendo explodido junto ao avião em pleno voo.
Yan Matveyev confirmou que drones ucranianos se encontravam a sobrevoar a Chechénia na altura em que o avião caiu e que era possível que tivesse sido atingido pelas defesas aéreas russas.
"O que estava a acontecer no território da Rússia, no território da República da Chechénia, na altura em que o avião estava em voo, aponta para um possível ataque de um sistema de defesa aérea, o sistema de defesa aérea Pantsir S-1, porque os drones ucranianos estavam a voar pelo local nessa altura", referiu.
Fontes governamentais disseram à Euronews que o avião danificado não foi autorizado a aterrar em nenhum aeroporto russo, apesar dos pedidos de aterragem de emergência feitos pelos pilotos, e foi-lhe ordenado que atravessasse o Mar Cáspio em direção a Aktau, no Cazaquistão.
De acordo com os dados, os sistemas de navegação GPS do avião ficaram bloqueados durante toda a trajetória de voo sobre o mar.
Na quinta-feira, Moscovo pediu para não se espalharem "hipóteses" sobre a causa do acidente até que a investigação, que ainda está em curso, esteja concluída.
"Seria incorreto avançar com quaisquer hipóteses antes das conclusões do inquérito. Nós, naturalmente, não o faremos e ninguém o deve fazer. Precisamos de esperar até que a investigação esteja concluída", considerou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
A investigação sobre o acidente também deverá revelar por que razão a Rússia terá negado ao avião autorização para aterrar em qualquer dos seus aeroportos, obrigando os pilotos a efetuar a travessia do Mar Cáspio com um avião danificado.
A autoridade russa para a aviação civil, a Rosaviatsia, afirmou que as informações preliminares indicavam que os pilotos divergiram para Aktau depois de uma colisão com aves ter provocado uma emergência a bordo.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse que era demasiado cedo para especular sobre as razões do acidente, mas afirmou que as condições meteorológicas tinham forçado o avião a alterar a rota planeada.
As autoridades do Cazaquistão também evitaram comentar a possível causa do acidente, dizendo que caberá aos investigadores determiná-la.
Se os dados preliminares do inquérito se confirmarem, esta será a segunda vez numa década que as forças russas destroem um avião comercial.
O voo 17 da Malaysian Airlines foi abatido pelas forças apoiadas pela Rússia sobre o leste da Ucrânia em 2014, matando todas as 298 pessoas a bordo.