Numa carta dirigida ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, obtida pela Euronews, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, reconhece a existência de divergências sobre o caminho para a paz na Ucrânia, mas sublinha a necessidade de a UE contribuir com "fortes garantias de segurança".
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, reconhece a existência de divergências quanto à abordagem "paz através da força" da UE em relação à Ucrânia, Mas, numa carta de 3 de março dirigida a Viktor Orbán, a que a Euronews teve acesso, Costa sublinha que o bloco deve preparar-se para participar nas discussões e contribuir para fortes garantias de segurança,
"Relativamente à Ucrânia, todos nós queremos pôr fim à guerra de agressão da Rússia com um 'cessar-fogo e uma paz sustentável'. No entanto, noto que existe uma divergência sobre o caminho para alcançar a paz e, em particular, sobre a abordagem 'paz através da força'. Mesmo assim, estamos de acordo quanto ao objetivo central de alcançar uma paz duradoura", escreveu António Costa nesta carta.
A mensagem responde a outra missiva do chefe de Estado húngaro, enviada a Costa no dia 1 de março, na qual este afirmava seguir a abordagem dos EUA nas negociações de paz: "entrar em discussões diretas com a Rússia sobre um cessar-fogo e uma paz sustentável na Ucrânia".
"Precisamos estar preparados para o resultado dos esforços do Presidente Trump em pressionar a Rússia para negociações de paz, principalmente trabalhando em conjunto com nossos aliados transatlânticos", afirmou Costa na carta.
"A UE deve também preparar-se para participar nas discussões para alcançar uma paz justa e duradoura. Além disso, para que a paz seja duradoura, teremos de contribuir para dar fortes garantias de segurança à Ucrânia. Espero que possamos concordar em atuar em conformidade", acrescentou.
Estas cartas foram trocadas na véspera das novas discussões entre os líderes da UE, que se vão reunir numa cimeira extraordinária na quinta-feira, 6 de março, convocada para discutir a contribuição da UE para a defesa da Ucrânia e na sequência da discussão entre os presidentes Volodymyr Zelenskyy e Donald Trump, na Casa Branca, na sexta-feira passada.
As negociações iniciais dos EUA com a Rússia sobre um acordo foram conduzidas na Arábia Saudita, sem o envolvimento da Ucrânia ou da Europa.