A contagem oficial viu o candidato independente Nicușor Dan ficar em segundo lugar e apurar-se para a segunda volta.
O candidato nacionalista George Simion venceu a primeira volta das eleições presidenciais romenas, no domingo, com cerca de 40,5% dos votos, segundo os dados eleitorais oficiais, depois de 99% dos boletins terem sido contabilizados.
Num suspense político de fim de noite, a contagem oficial viu o candidato independente Nicușor Dan ficar em segundo lugar e apurar-se para a segunda volta, ultrapassando o candidato da coligação governamental Crin Antonescu - um resultado que chocou o establishment político tradicional do Estado-membro da UE e da NATO.
O confronto direto entre Simion e Dan é tão inesperado que ninguém se atreveria a prevê-lo há seis meses.
Todas as sondagens pré-eleitorais eram favoráveis à vitória de Simion na primeira volta. No entanto, o resultado de Dan, atual presidente da Câmara de Bucareste, enviou uma mensagem clara à coligação no poder, que se uniu para nomear Antonescu como seu candidato.
A Roménia enfrentará agora uma dura batalha na segunda volta, dentro de duas semanas, onde terá de escolher entre um candidato nacionalista e um candidato pró-UE e pró-NATO.
Romenos votaram em pessoas e não em partidos
Depois de as primeiras sondagens à boca das urnas, no domingo, terem mostrado que Simion se destacava na liderança, a maior parte dos líderes partidários e dos candidatos anunciaram que iriam esperar pelos resultados finais. No entanto, Simion já tinha declarado uma “vitória da dignidade romena” e pediu vigilância na contagem dos votos para evitar fraudes.
Simion tem estado a aproveitar uma onda anti-establishment no país, alimentada pelo ultranacionalista Calin Georgescu, ex-candidato presidencial cuja vitória nas eleições canceladas em dezembro de 2024 lançou a Roménia numa agitação sem precedentes.
Além disso, partes da diáspora romena mostraram um forte apoio a Simion: 77% dos romenos que votaram em Itália e 80% dos que votaram em Espanha apoiaram o líder do partido AUR (Aliança para a União dos Romenos) no domingo, segundo resultados preliminares.
Simion fugiu à tradicional aparição no palco, ao lado de outros líderes partidários e apoiantes, optando por uma declaração ao estilo de Georgescu, sozinho à secretária.
“Hoje, o povo romeno votou, o povo romeno falou. Esta é uma vitória da dignidade romena, a vitória daqueles que não perderam a esperança, daqueles que ainda acreditam na Roménia, num país livre, respeitado e soberano”, afirmou Simion, no domingo à noite.
Simion, cuja popularidade tem vindo a aumentar de forma constante nos últimos anos, é um crítico acérrimo da UE, nomeadamente do seu apoio contínuo à Ucrânia. O candidato está proibido, inclusive, de entrar na Ucrânia e na Moldávia.
A julgar pelos resultados, os romenos optaram por votar em indivíduos e não em partidos políticos, o que demonstra que a coligação governamental - que incluía o PSD (Partido Social-Democrata) de centro-esquerda, o partido liberal PNL (Partido Nacional Liberal) e o partido da minoria húngara UDMR/RMDSZ (União Democrática dos Húngaros na Roménia) - não conseguiu inspirar os seus apoiantes.
De acordo com fontes da Euronews Roménia, os liberais já acusaram o PSD de não ter feito o suficiente para mobilizar os seus eleitores por todo o país, especialmente nas zonas rurais, de modo a apoiarem o candidato da coligação, Antonescu.
Cerca de 53% dos romenos foram às urnas no domingo, de acordo com os números oficiais, o que indica um maior interesse entre os eleitores elegíveis do que na votação anulada em dezembro.