Macron disse que é urgente que a agência nuclear das Nações Unidas retome a sua missão, depois de o Irão ter suspendido a sua cooperação com a agência, enquanto se encontrava com o chefe da AIEA, Rafael Grossi, em Paris, no regresso da cimeira da NATO em Haia.
O diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, e Macron não falaram à imprensa na sala de reuniões.
O encontro surge depois de Macron ter participado na cimeira anual de líderes da NATO - que este ano se realizou em Haia - onde os 32 chefes de Estado da aliança aprovaram uma proposta para aumentar as despesas com a defesa de 2% do PIB para 5% até 2035.
A cimeira decorreu num contexto de crise global, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, que dura há mais de três anos, e com as tensões no Médio Oriente a continuarem a aumentar.
Poucos dias antes da cimeira, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um cessar-fogo entre Israel e o Irão, pondo fim a 12 dias de ataques aéreos transfronteiriços.
Israel começou a guerra com o Irão ao lançar uma ofensiva surpresa - apelidada de "Operação Leão em Ascensão" - onde visou uma série de alvos militares iranianos e, mais importante, procurou desmantelar o seu programa nuclear.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Teerão - cujo programa nuclear tem vindo a avançar rapidamente nos últimos anos - seria capaz de desenvolver uma ogiva nuclear num "período de tempo muito curto", acrescentando que o país possui uma reserva alarmante de urânio altamente enriquecido.
As tensões aumentaram depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado que Washington tinha atacado diretamente as instalações nucleares do Irão, a 21 de junho. Trump afirmou ter "obliterado" o projeto nuclear de Teerão com uma série de ataques às suas três principais instalações de Fordow, Natanz e Isfahan.
O 47.º presidente dos EUA disse que Washington levou a cabo uma operação precisa envolvendo os seus bombardeiros furtivos B-2 de topo de gama, que descarregaram catorze das poderosas bombas bunker buster de 30 000 libras(13 600 kg) dos EUA.
Um relatório divulgado pela Agência de Inteligência de Defesa dos EUA na terça-feira sugeriu, no entanto, que os ataques de Washington apenas provocaram um pequeno revés no programa nuclear iraniano, acrescentando que o Irão poderia reconstruir-se completamente dentro de meses.
A Casa Branca classificou o relatório como "completamente errado" e sublinhou que as suas conclusões são uma "tentativa clara de rebaixar (o presidente) Trump".
Na cimeira, Macron disse aos jornalistas que iria discutir com Grossi a sua avaliação dos danos causados às instalações nucleares iranianas, após os ataques dos EUA e de Israel, durante a reunião.
Num post no X, o presidente francês reiterou o compromisso de Paris com o órgão de vigilância nuclear da ONU, instando o Irão a permitir que a AIEA retome a sua missão no país. O parlamento iraniano aprovou recentemente um projeto de lei que suspende toda a cooperação com a agência.
Os dois líderes também terão abordado formas de reforçar o cumprimento das normas internacionais de não-proliferação.
Grossi agradeceu ao líder francês pelo seu apoio contínuo num post no X, depois de Macron ter reafirmado o seu apoio à AIEA nos seus esforços para garantir a segurança nuclear e a proteção em todo o mundo.