O acordo surge dias antes da chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, debater cinco opções em resposta à violação por Israel do Acordo de Associação UE-Israel, numa reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros na próxima semana.
A UE negociou uma melhoria "significativa" do acesso de ajuda humanitária a Gaza, incluindo um aumento do número de camiões de alimentos, e um acordo para "proteger a vida dos trabalhadores humanitários", anunciou na quinta-feira a Alta Representante, Kaja Kallas.
As medidas acordadas incluem a entrega de produtos alimentares e não alimentares "substanciais" para entrar em Gaza, a reabertura de passagens através das rotas de ajuda da Jordânia e do Egito e a possibilidade de distribuição de alimentos através de padarias e cozinhas públicas em todo o enclave, de acordo com um comunicado divulgado por Kallas.
O programa envolve também o reinício do fornecimento de combustível para utilização pelas instalações humanitárias, a reparação e a facilitação de obras em infraestruturas vitais, como o reinício do fornecimento de energia à instalação de dessalinização de água.
Kallas enviou uma delegação a Telavive, que incluía Christophe Bigot, enviado especial da UE para o Médio Oriente, há mais de duas semanas, para negociar o "fim da fome e da matança", segundo uma fonte próxima das conversações.
Na sequência das resoluções do Conselho de Ministros israelita e do diálogo construtivo entre a UE e Israel, Israel adotou medidas significativas para melhorar a situação humanitária na Faixa de Gaza, concluiu a declaração.
O novo acordo para permitir a entrada de alimentos em Gaza surge numa altura em que as ONG e os trabalhadores humanitários afirmam que as crianças estão doentes e a morrer de subnutrição e de ferimentos causados pela violência constante e pelos ataques aéreos.
O acordo surge também numa altura em que se intensificaram as conversações entre os responsáveis de Israel e do Hamas para chegar a um cessar-fogo.
Estas medidas deverão ser implementadas nos próximos dias e a UE afirma que existe um "entendimento comum de que a ajuda em grande escala deve ser entregue diretamente à população".
Um funcionário da UE confirmou também à Euronews que a ajuda será distribuída em coordenação com as Nações Unidas e outros parceiros, e não em cooperação com a Fundação Humanitária de Gaza, que é gerida por contratantes privados.
O gabinete dos direitos humanos da ONU informou recentemente que registou pelo menos 613 assassinatos em pontos de ajuda geridos pela fundação apoiada pelos EUA.
A declaração divulgada por Kallas também deixa claro que "continuarão a ser tomadas medidas para garantir que não haja desvio de ajuda para o Hamas".
A porta-voz reafirmou ainda a posição da UE a favor de um cessar-fogo imediato e da libertação de todos os reféns do Hamas.
Um diplomata afirmou ainda que o acordo poderá incluir a deslocação da Missão de Assistência Fronteiriça da UE para o Posto de Passagem de Rafah para controlar a passagem da ajuda para a Faixa de Gaza.
O plano surge dias antes de Kallas ter de discutir cinco opções em resposta à violação por Israel do Acordo de Associação UE-Israel, numa reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros na próxima semana.
O diplomata afirmou que o acordo de quinta-feira não irá afetar as conversações em curso sobre o Acordo de Associação UE-Israel. No entanto, muitos diplomatas mostraram-se cautelosos relativamente ao plano de quinta-feira e à sua rápida implementação.
"Precisamos de mais clareza sobre a segurança, sobre a missão atual, sobre a necessidade de evitar sermos vistos como facilitadores da Fundação Humanitária de Gaza", disse o diplomata.