Durante uma visita de três dias a Portugal, Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, comentou vários acontecimentos da atualidade, tendo criticado a situação em Gaza e a política migratória norte-americana.
O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, esteve em Portugal para uma visita de três dias, em que foi recebido pelas mais altas figuras do Estado.
A passagem do número dois do Vaticano por Portugal começou na passada sexta-feira e estendeu-se até domingo, dia em que foi recebido no Palácio de Belém pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Em Belém, o cardeal tirou uma fotografia oficial junto a Marcelo Rebelo de Sousa e assinou o livro de honra. A audiência que se seguiu decorreu durante uma hora, não tendo havido quaisquer declarações aos jornalistas no final.
De acordo com uma nova divulgada entretanto, no site oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa e o cardeal "passaram em revista as relações bilaterais de excelência entre Portugal e a Santa Sé" e discutiram "os principais assuntos da atualidade internacional".
Também no domingo, antes do encontro com o Presidente da República que decorreu pelo meio-dia, Parolin foi recebido pelo primeiro-ministro Luís Montegro. O chefe do executivo escreveu no X que durante a reunião com o cardeal foram trocadas "impressões sobre os conflitos que atormentam o mundo e sobre a necessidade urgente de trilhar os caminhos da paz".
Ainda no sábado, o cardeal participou na cerimónia que assinalou o jubileu do "Compromisso com a Cidade", e que foi promovida pelo Patriarcado de Lisboa na Fundação Gulbenkian. Durante a sua intervenção, criticou aqueles que proclamam defender a paz mundial, mas que mantêm "lógicas de guerra", e defendeu a resolução das causas dos conflitos e a "luta contra a indiferença" que existe, escreveu a agência Lusa.
Também em entrevista à agência Lusa, Parolin elogiou Leão XIV e indicou que o atual Papa é o cardeal "mais adequado para enfrentar os desafios do presente". Destacou o estilo discreto de Leão XIV, que contrasta com a presença de Francisco.
Na sexta-feira, Parolin marcou ainda presença no Santuário de Fátima e junto ao elevador da Glória, em Lisboa, onde rezou pelas vítimas do descarrilamento que resultou na morte de 16 pessoas.
Parolin critica plano israelita de ocupação de Gaza
Em entrevista à Renascença, o secretário de Estado da Santa Fé criticou o plano do governo israelita de ocupar a cidade de Gaza e de retirar a sua população, apesar de ter recebido garantias do presidente de Israel de que a comunidade cristã em Gaza "seria respeitada".
Parolin insiste na solução dos dois Estados - Israel e Palestina - e defendeu que retirar os palestinianos de Gaza só vai criar novos problemas.
Ainda em entrevista à Renascença, criticou a política migratória norte-americana e mostrou-se preocupado com o assassinato de Charlie Kirk, ativista político e personalidade mediática com forte ligação a Donald Trump, descrevendo este crime como uma "polarização da sociedade americana, a todos os níveis, especialmente na política".
"No que diz respeito aos Estados Unidos, não podemos adotar uma política migratória que não tenha nenhum sentimento de piedade e compaixão por essas pessoas. E isso leva aos excessos que me parece que aconteceram", afirma o número dois do Vaticano, citado pela Renascença.
O cardeal referiu que o atual desafio passa pela "integração" e defendeu a "imigração legal" e regulada, recusando o "tráfico de seres humanos" e a exploração dos trabalhadores, escreveu a mesma fonte.
O italiano Pietro Parolin Cardeal é secretário de Estado do Vaticano desde 2013, tendo sido nomeado pelo Papa Francisco e reconduzido pelo Papa Leão XIV.