Mais defesa aérea, armas de longo alcance e pressão sobre a Rússia é o que Volodymyr Zelenskyy acredita que pressionará Moscovo a entrar em negociações diretas com Kiev e, por fim, conduzirá a um cessar-fogo.
O presidente da Ucrânia apelou aos parceiros europeus para que aumentem a pressão sobre a Rússia, numa tentativa de forçar Moscovo a encetar negociações de paz diretas com Kiev.
Volodymyr Zelenskyy afirmou, durante uma cimeira da UE em Bruxelas, no mesmo dia em que o bloco adotou um novo pacote de sanções contra Moscovo, que a Rússia continua a recusar a ideia de um cessar-fogo ou mesmo de conversações diretas.
"Mais pressão sobre a Rússia e eles irão sentar-se e conversar, penso que esse é o plano", disse Zelenskyy.
Referiu também que Kiev vai agora coordenar-se com países parceiros não pertencentes à UE, como Noruega, Suíça e Reino Unido, para que "eles também apliquem essas medidas fortes da UE nos seus próprios sistemas".
"Temos de ir mais longe. O mundo deve respeitar as sanções da UE da mesma forma que respeita as sanções dos EUA", notou Zelenskyy, referindo-se ao novo pacote de sanções anunciado pela Casa Branca na quarta-feira à noite, visando as duas maiores empresas petrolíferas da Rússia.
"Este é um trabalho importante, por isso vamos fazê-lo: criar um controlo forte das sanções e consequências reais para aqueles que infringirem as regras."
Armas de longo alcance e defesa aérea
A Casa Branca ainda está a ponderar a possibilidade de fornecer mísseis Tomahawk de longo alcance à Ucrânia.
"Alguns países europeus também os possuem, incluindo os Tomahawk. Já estamos a conversar com os países que podem ajudar."
Kiev precisa dos mísseis para se defender dos bombardeamentos intensificados da Rússia.
"Precisamos de nos defender e responder se não quisermos dar-lhes a possibilidade de atacar e ganhar", afirmou.
No início desta semana, Zelenskyy afirmou que a Ucrânia está a preparar um contrato de longo prazo para 25 baterias Patriot. Este é o único sistema de defesa aérea de fabrico ocidental capaz de abater de forma consistente os mísseis balísticos russos.
Mas o sistema Patriot é muito procurado, com uma lista de espera de anos, tanto para as baterias como para os mísseis intercetores.
Zelenskyy destacou que Kiev está a pedir aos seus aliados que ajudem a priorizar a defesa do seu país.
"Alguns países já têm sistemas Patriot, mas, felizmente, não precisam de os utilizar como nós. Sugerimos que a ordem seja alterada. Se recebermos os sistemas agora, estamos prontos a devolvê-los ou a substituí-los quando for a nossa vez."
Vantagem diplomática sobre a Rússia
O reforço da defesa aérea e o fornecimento de mais armas de longo alcance é o que Kiev acredita que acabará por forçar a Rússia a sentar-se à mesa das negociações.
"Quando falamos de armas de longo alcance para a Ucrânia, queremos dizer que o regime de Putin deve sentir as consequências reais desta guerra", disse Zelenskyy aos líderes da UE, instando-os a "apoiar tudo o que ajude a Ucrânia a obter essas capacidades, porque isso faz realmente a diferença para a Rússia".
"Basta ver como Putin ficou nervoso quando este assunto foi abordado. Ele compreende que as armas de longo alcance podem realmente mudar o curso da guerra."
Volodymyr Zelenskyy não descartou a possibilidade de Kiev ainda receber mísseis Tomahawk fabricados nos EUA.
"Ainda não temos Tomahawks. Veremos, cada dia traz algo novo. Talvez amanhã tenhamos Tomahawks", sugeriu.
De Bruxelas, o presidente da Ucrânia viajará para Londres para uma reunião da "Coligação de Boa Vontade", que Kiev espera que se concentre no fornecimento de energia e armas à Ucrânia.