Vacinas contra o HPV estão autorizadas na União Europeia desde 2006.
Uma única dose da vacina contra o HPV parece ser tão eficaz como duas na prevenção da infeção viral que causa o cancro do colo do útero, relataram investigadores esta quarta-feira.
HPV, ou papilomavírus humano, é muito comum e transmite-se pelo contacto sexual. A maioria das infeções por HPV desaparece por si, mas algumas persistem e causam cancros que surgem anos depois, incluindo o cancro do colo do útero nas mulheres e outros, mais raros, em mulheres e homens.
As vacinas contra o HPV estão autorizadas na União Europeia desde 2006. Países que adotaram a vacina cedo já registaram uma diminuição das lesões pré-cancerosas do colo do útero.
Mas o cancro do colo do útero ainda mata cerca de 340 mil mulheres por ano em todo o mundo, e os novos resultados de um grande estudo na Costa Rica podem ajudar a impulsionar esforços globais para proteger mais raparigas e jovens mulheres em países de baixo rendimento de difícil acesso.
O estudo envolveu mais de 20 mil raparigas entre os 12 e os 16 anos. Os investigadores testaram duas vacinas contra o HPV usadas em todo o mundo, com metade das participantes a receber um tipo e as restantes o outro.
Seis meses depois, metade das raparigas recebeu uma segunda dose da vacina atribuída, enquanto as restantes receberam, em vez disso, uma vacinação infantil não relacionada.
Todas foram acompanhadas durante cinco anos, com rastreios cervicais regulares para as estirpes de HPV com maior propensão para causar cancro. As taxas de infeção foram comparadas com um grupo separado não vacinado.
Uma única dose da vacina contra o HPV proporcionou cerca de 97 por cento de proteção, semelhante a duas doses, segundo o estudo, publicado no New England Journal of Medicine.
Estudos anteriores já sugeriam que uma dose poderia funcionar bem, mas os novos resultados confirmam proteção robusta durante pelo menos cinco anos, escreveu a Dra. Ruanne Barnabas, especialista em doenças infeciosas no Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, num editorial que acompanha o artigo.
"Temos as provas e as ferramentas para eliminar o cancro do colo do útero. Falta a vontade coletiva para as implementar de forma equitativa, eficaz e já", escreveu Barnabas, que não participou no estudo da Costa Rica.
A maioria dos países da UE recomenda duas doses da vacina contra o HPV entre os 9 e os 12 anos para a maioria das raparigas e rapazes, já que o vírus também pode causar cancros da cabeça e do pescoço e outros. Recomenda-se vacinação de recuperação para quem tem entre 20 e 29 anos e não foi vacinado.
Na última década, as taxas de vacinação contra o HPV subiram de forma constante em países como Espanha e Alemanha, mas desceram no Reino Unido e em Itália, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Globalmente, a agência estima que menos de um terço das raparigas adolescentes foi vacinada.
O novo estudo não forneceu informação sobre cancros relacionados com o HPV para além do colo do útero, e os investigadores alertaram que é necessário um acompanhamento mais prolongado.