O cantor e compositor norte-irlandês Foy Vance explora a influência das culturas crioula e cajun nas canções e na gastronomia de Baton Rouge, no Louisiana.
Baton Rouge, a capital do estado do Louisiana, é uma das cidades mais eclécticas do Mississipi, em parte graças às suas culturas crioulas e cajun.
O cantor e compositor Foy Vance está a fazer uma viagem pelos EUA para conhecer a melhor música, comida e cultura do país. Durante a sua visita a Baton Rouge, quis conhecer melhor a identidade distinta da cidade e a forma como estas culturas se mantiveram na era moderna, particularmente na música.
Para ser devidamente apresentado à cidade, começou por comer com a lenda da música local Sean Ardoin.
"No Louisiana, temos uma população crioula e cajun. Originalmente e de forma autêntica, a definição de crioulo é nascer fora do país de origem. Portanto, a música é uma mistura de música de acordeão, com tudo aquilo a que fomos expostos. E eu quis fazer ainda mais", disse Sean ao "Notes from the USA".
"Criei um género chamado "Rock & Soul Crioulo". É um género totalmente novo. E assim que mudei, recebi duas nomeações para os Grammy pelo meu CD de 2018 e duas nomeações para os Grammy desde então. Por isso, acho que estou no caminho certo".
Embora Baton Rouge seja a capital do estado, pode não ser o primeiro sítio que vem à mente quando se pensa no Louisiana. A cidade de Nova Orleães - a apenas 45 minutos de carro - também é famosa pela sua rica herança musical e pela sua comida de lamber os dedos.
Mas Sean insiste que "tudo a oeste de Nova Orleães é igualmente importante".
"Pode experimentar tudo. A capital tem um pouco do sabor de todo o estado. Em Baton Rouge, pode ver-se música ao vivo praticamente de quarta a domingo".
"A cultura zydeco, a cultura crioula, a cultura cajun, no Louisiana, influenciam tudo o que fazemos na publicidade, porque temos a música, temos a língua, temos a cultura, temos a dança, temos o swag".
"No Louisiana, fritamos tudo"
Quando se chega a um sítio novo, não há nada como tocar com músicos locais para mergulharmos nesse lugar. Mas as culturas crioula e cajun não se resumem apenas à música, elas também se manifestam na cozinha.
Os pratos de ambas dominam os menus em toda a cidade. Cada prato parece contar a sua própria história.
Jordan Basham, autora do blogue "Wheretogeaux225" apresenta a ementa para dar uma ideia do local.
"Temos conchas de lagostim fritas, temos bolas de boudin e, claro, pickles fritos. Onde quer que se vá no Sul, há pickles fritos. Estamos no Louisiana, fritamos tudo."
"É um grande caldeirão cultural aqui. Por isso, onde quer que se vá, há culturas diferentes e toda a gente dá o seu próprio toque às coisas.
Para Jordan, a comida e a música andam de mãos dadas.
"Se estivermos no quintal a grelhar hambúrgueres ou a comer lagostim, há sempre música a tocar. Se estivermos nos restaurantes, a beber uma cerveja, há música a tocar, temos de ter música a tocar aqui."
Depois de um almoço delicioso, não há melhor sítio para apreciar as vistas de Baton Rouge do que no topo do edifício do Capitólio do Estado do Louisiana, o capitólio mais alto do país.
Lagostim de água doce, uma especialidade
No século XVIII, os lagostins eram consumidos sobretudo por necessidade. Mas depois de séculos de aperfeiçoamento, tornaram-se num elemento básico da cozinha de Baton Rouge, que se encontra por toda a cidade.
Jesse Brown, músico cajun francês, convidou Foy para ir a sua casa para um jantar no quintal.
"Se estivermos na cidade de Baton Rouge, podemos encontrar lagostins que foram apanhados nesse dia, isso é comum. E pode comprar o seu lagostim fresco", disse Jesse.
"É realmente uma coisa do Louisiana, é muito, muito único. Este lagostim de água doce é único no mundo. Se houver cem pessoas diferentes a cozer lagostim, há 100 formas diferentes [de o faze], todos têm os seus pequenos truques para tornar a sua receita um pouco mais especial do que a dos outros".
"As pessoas descrevem Baton Rouge como a cidade irmã de Nova Orleães, ou seja, do ponto de vista do tamanho. Na verdade, as duas cidades são praticamente iguais. Mas Baton Rouge tem uma particularidade. É comum as pessoas pegarem numa guitarra, num acordeão, num violino, dançarem um pouco, tocarem música e passarem um bom bocado".
É ótimo poder juntar os sons e os sabores da cultura crioula e cajun. Mas não é preciso um convite para uma festa privada para ouvir música, porque há bandas locais, como a de Jessie, a tocar por toda a cidade.
A vida moderna da cidade está rodeada de áreas de conservação e parques. O mundialmente famoso rio Mississippi corre ao lado do edifício do Capitólio mais alto do país.
Baton Rouge é uma mistura histórica multi-étnica de culturas de todo o mundo. E, no entanto, tudo parece coexistir de forma bela na cidade. Boa música, boa comida e boa conversa. Como dizem os locais: Baton Rouge sabe como passar um bom bocado!