Seja com longas caminhadas ou noites a observar estrelas, a Suécia quer que viajantes abracem o prazer de não fazer nada
Tem demasiadas distrações na vida? A Suécia pode ter o antídoto para si.
O país escandinavo convida viajantes a virem aborrecer-se este inverno.
Numa nova campanha de marketing, a Suécia incentiva os visitantes a abrandarem, desligarem e passarem tempo na natureza sem plano definido. A campanha de fim de ano da Visit Sweden destaca atividades propositadamente discretas, desde observar as estrelas à beira da fogueira a observar vida selvagem ou esperar horas que um peixe morda num lago gelado.
Tédio como objetivo
Segundo a Visit Sweden, o objetivo é dar às pessoas permissão para fazerem menos no final de um ano atarefado.
Em vez de destacar atividades de inverno bem conhecidas, a campanha orienta os viajantes para recantos mais sossegados do país, onde quase nada disputa a atenção.
Em Sörmland, cabanas junto a trilhos de floresta atraem viajantes com serena solidão. Hälsingland promove estadias de desintoxicação digital em locais com Wi‑Fi limitado e ainda menos distrações, enquanto a Lapónia proporciona um abrandar a sério, com longas horas de escuridão em torno de Kiruna e Abisko que, naturalmente, limitam o que se consegue encaixar num dia.
Acender uma fogueira, dar um passeio, olhar as estrelas e ver a aurora boreal: a campanha apresenta estes momentos de quietude como o atrativo, não como falta de atividade.
Mesmo trajetos longos de carro pela chamada Wilderness Road (Vildmarksvägen), a estrada pavimentada mais alta da Suécia que atravessa florestas e montanhas por onde vagueiam renas, chegam para encher o dia.
Viragem para viagens mais tranquilas
Numa era marcada pelo ciclo incessante de notícias e entretenimento, o slow travel representa uma mudança profunda no que muitos viajantes procuram nas suas viagens.
Férias na natureza, viagens para céus escuros e destinos fora do roteiro ganharam força recentemente, impulsionadas por quem quer mais espaço e menos planos fixos. A ascensão dos retiros de desintoxicação digital e das cabanas fora da rede espelha a mesma viragem para rotinas mais lentas.
No ano passado, o termo JOMO, a alegria de ficar de fora, incentivou precisamente os tipos de atividades que a Suécia promove agora.
Isso pode significar calçar raquetes de neve para um pequeno circuito em Jämtland ou juntar-se aos locais na pesca no gelo num lago nos arredores de Östersund. Nenhuma destas atividades exige equipamento complexo, longas deslocações ou itinerários programados para cada hora do dia.
A Suécia não é o único país na Europa a tentar captar turistas que preferem férias menos agitadas. Croácia tem incentivado os visitantes a explorar enseadas mais sossegadas e vilas costeiras mais pequenas, em vez de apinharem as ilhas mais famosas.
Mesmo Itália, país que enfrenta o overtourism em vários destinos populares, fez algo semelhante em partes do seu litoral, convidando os viajantes a experimentar a mesma paisagem dos destinos emblemáticos, mas devagar e sem a pressão de forte afluência.
Nesta época, a Suécia aposta que a mesma mensagem vai ressoar junto de viajantes cansados. No final de 2025, a ausência de atividade pode ser suficiente para justificar uma viagem de inverno à Escandinávia.