O que vai mudar na China que tanto importa ao mundo

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Como previsto, no âmbito do 18° Congresso do Partido Comunista Chinês, os veteranos passaram o testemunho à nova geração.

Sem surpresas, Xi Jinping substitui o atual líder, Hu Jintao, que deixará o cargo como chefe do partido este ano e a Presidência em 2013 – e vai conduzir o país mais populoso e a segunda maior economia do mundo, nos próximos anos.

A nova liderança tem apenas sete elementos, em vez dos nove que até agora integravam o Comité Permanente do Politburo político, instância suprema do partido e do país. Agora é composto por três reformistas prudentes, dois conservadores e dois reformistas económicos.

Xi Jinping já prometeu combater a corrupção e resolver os problemas internos do partido:

“A nossa responsabilidade é trabalhar com todos os camaradas do Partido segundo o princípio de que o Partido supervisiona a conduta de todos com severa disciplina, resolver os maiores problemas do partido e manter os laços com a população. Com estas medidas, asseguraremos a continuidade da liderança no socialismo característico da China.”

Por outras palavras, o Partido Comunista deve reinventar-se ideologicamente para manter o lugar que adquiriu com a fundação da República Popular da China, em 1949, por Mao Tsé Tung. O pensamento político do “Grande Timoneiro” permitiu a conquista do poder.

Em 1982, sob o impulso reformista de Deng Xiaoping, a China iniciou o irresistível desenvolvimento económico. O Partido Comunista consagrou a teoria da construção do socialismo de características chinesas, ou seja, a economia de mercado socialista.

Em 2002, deu-se uma nova transformação com a alteração do status do partido, que declarou representar os interesses do povo e da nação chinesa, e não somente os interesses da classe operária. Foi o fim do mandato de Jiang Zemin, que teve início depois dos acontecimentos de Tianamen, em 1989).

Em resposta aos novos desafios da quinta geração de dirigentes comunistas, o partido já adotou o novo conceito de “desenvolvimento científico”.

A cúpula chinesa muda, mas o país vai tomar um novo rumo ou vai seguir a mesma linha? Robert Lawrence Kuhn, autor de “Como pensam os líderes chineses”, elucida.

Nial O’Reilly, euronews – Temos uma vaga ideia sobre a nova geração de líderes na China. Apesar de novos, serão diferentes?

Robert Khun – É preciso compreender que não é apenas o líder mais velho que muda, não apenas o chefe do partido,Xi Jimping, o novo secretário-geral. Mudam todos os membros com iguais votos. É, na verdade, um consenso oligárquico que está a contecer na China. Estes sete indivíduos, perante quem todos, na China, têm de responder, são independentes.

Seis governaram as maiores províncias e municípios. São territórios com 30, 50 ou mesmo 100 milhões de pessoas. Estariam no top dos 20 maiores países do undo se fossem independentes e no top dos 35 quanto ao PIB.

Por isso têm grande experiência e trabalharam com executivos ocidentais e empresários em geral, foram diplomatas durante vários anos, literalmente tiveram dois mandatos de cinco anos. Cada um teve de oito a 10 anos, mesmo mais, e essa experiência é eficaz na resolução dos imensos problemas com que a China se depara.

1.28

euronews – Um dos graves problemas do país é a corrupção. Será que os novos líderes estão, na verdade, dispostos a controlarem-se uns aos outros? E a população chinesa espera que o façam?

RK – A corrupção é na verdade um importante tópico…
A China tornou-se muito mais saudável, há muito mais dinheiro para ser gerido pelos responsáveis. Quando se tem um sistema de partido único – que, francamente, acredito que é bom para a China, pelo menos num futuro próximo, enquanto houver um sistema de equilíbrio de poderes das diferentes instituições, transparência, tudo o que é preciso – mas com o partido único, é preciso controlar os Media para o manter, mas conseguindo manter isto não se consegue controlar totalmente a corrupção.

Este ano, eclodiram inúmeros escândalos na China que deixaram as falhas dos velhos líderes à mostra. As pessoas disseram-me pessoalmente, pessoas altamente colocadas, que, desta vez, é preciso agir corretamente, porque os chineses não suportam mais corrupção. Vai ser duro.

2.31

euronews – Em termos de economia – que é o mais importante tema de momento – quais são os desenvolvimentos significativos definidos no Congresso do Partido?

RK – Quando se examina o crescimento económico, o problema é que todos estacam na mesma premissa: a China está a crescer 7,5%, mas pode manter este crescimento? Provavelmente sim, mas esse não é o principal problema.

O que importa é quais são os componentes do PIB. No passado eram, principalmente, os investimentos, as infra-estruturas e as exportações, que são insustentáveis por diferentes razões: as exportações, por ser impossível conseguir um equilíbrio comercial eternamente, e os investimentos porque quanto mais investimentos se fazem, menos eficientes se tornam.

Os chineses têm de incrementar o consumo interno, com a subida dos salários e dos rendimentos, o que passa por uma transformação do país.

O facto do índice de crescimento ser um pouco baixo não é mau.
Há que analisar todos os dados, seguir-lhes o rasto, porque é muito importante para a China saber para onde vai a economia. E não só para a China, mas para o mundo em geral.

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