Quatro deputadas turcas puderam, pela primeira vez, assistir a uma sessão do parlamento, em Ancara, envergando o véu islâmico.
Uma situação inédita na república laica, permitida pela reforma, aprovada em setembro, pelo partido islamita moderado no poder.
As quatro deputadas deram origem a um debate no hemiciclo, longe das posições extremas do passado, com a oposição a acusar o executivo de tentar criar uma polémica, a poucos meses das municipais.
“Tenho que exprimir a minha gratidão quando um dos mais importantes problemas da Turquia, o tema do véu islâmico, foi resolvido hoje sob o teto deste parlamento”, afirmou a deputada Pervin Buldan do partido pró-curdo, Pervin Buldan, que não escondeu o seu apoio à medida, em nome do combate pelos direitos da mulher.
O tema inflama, no entanto, a revolta junto da oposição republicana que acusa o governo de Tayyp Erdogan de tentar islamizar o país, violando os princípios da república laica fundada em 1923.
Em setembro, o governo tinha aprovado uma reforma dita de “modernização democrática”, que autoriza o porte do véu islâmico nos espaços públicos, até então banido pela lei.
Em 1999 uma deputado do então Partido da Virtude, o antecessor do AKP de Erdogan, tinha sido expulsa do parlamento depois de tentar assistir à sessão, envergando o véu islâmico.